A HORA H

O Benfica poderá decidir amanhã em Glasgow, em larga medida, o seu futuro na presente edição da Liga dos Campeões.
Não sendo um jogo, por assim dizer, terminalmente decisivo, estilo mata-mata, é todavia uma partida em que cada um dos resultados possíveis tem consequências muito directas na tabela classificativa, podendo uma vitória ou uma derrota significar meio caminho andado para o apuramento ou para a eliminação.
Importa olhar para o quadro classificativo para perceber bem o impacto de cada uma das hipóteses.

DERROTA - Partindo do pressuposto que o Manchester United vence o F.C.Copenhaga, imaginemos que também o Celtic derrotava o Benfica. A classificação ficaria assim ordenada: Manchester 9, Celtic 6, Benfica 1 e Copenhaga 1.
Nesta hipótese o Benfica ficaria praticamente afastado dos dois primeiros lugares, pois mesmo ganhando todos os jogos até final (inclusivamente em Old Trafford), ainda ficaria dependente dos resultados do Celtic.

EMPATE -No caso de se registar uma igualdade, a tabela ficaria com a seguinte configuração: Manchester 9, Celtic 4, Benfica 2 e Copenhaga 1.
Trata-se de uma situação completamente diferente pois o Benfica ficaria a depender apenas de si, e teria logo no jogo seguinte a possibilidade de saltar para o segundo lugar, vencendo o Celtic em casa.
Se isso sucedesse, e a essa vitória caseira se juntasse outra perante os nórdicos na jornada seguinte, o Benfica chegaria à última jornada com 8 pontos, enquanto o Celtic ficaria com 5, 6 ou 8 consoante perdesse, empatasse ou ganhasse ao Man.United no seu estádio. Em qualquer dos casos o Benfica dependeria só de si, e teria até francas possibilidades de chegar a Old Trafford já apurado.

VITÓRIA – A conquista dos três pontos no jogo de amanhã deixaria o Benfica numa posição bastante confortável quanto ao apuramento. A classificação passaria a estar ordenada da seguinte forma: Manchester 9, Benfica 4, Celtic 3 e Copenhaga 1.
Bastaria aos encarnados ganhar os dois jogos em casa para garantir matematicamente a classificação, pois o Celtic nesse caso nunca chegaria aos 10 pontos.
Mesmo que os escoceses empatassem em Lisboa, o Benfica continuaria a depender só de si, mantendo a vantagem no confronto directo.




Por tudo isto, este trata-se, na verdade, de um jogo chave. Como devem então os encarnados abordá-lo?
A última vitória em Leiria deu uma importante injecção de moral à equipa de Fernando Santos, mas julgo que o Benfica nesta partida terá de apresentar uma postura mais cautelosa.
O Celtic (que conta habitualmente apenas com três escoceses no onze base) tem no holandês Vanegoor of Hasselink a sua principal figura, e embora, à hora que escrevo estas linhas, ainda subsistam algumas dúvidas sobre a sua condição física, não acredito que ele não venha a ser utilizado de início. Trata-se de um ponta-de-lança alto, forte e cabeceador, para o qual muito do futebol ofensivo do onze de Gordon Strachan é conduzido. Nada melhor poderá suceder ao Benfica, diga-se, do que a equipa escocesa insistir em lançamentos longos ou bolas bombeadas para a área, onde Luisão é rei e senhor, sendo perfeitamente homem para aniquilar o possante holandês.
Deste modo, a estratégia correcta parece ser deixar o Celtic atacar, oferecer-lhe a bola, induzí-lo (obrigá-lo, se possível) a optar pelo chamado "chuveirinho", e saber sofrer de modo a poder aproveitar os espaços que assim necessariamente seriam abertos no seu sector, onde Simão, Nuno Gomes e Miccoli poderiam fazer miséria perante uma defesa um tanto dura de rins. Se o Benfica tentar realizar um jogo assente em muita posse de bola e numa pressão constante e subida, não possibilitará a criação dos espaços de que os seus avançados necessitam para ser eficazes, dando por outro lado a oportunidade ao Celtic de, através de transições rápidas, chegar com muito perigo perto da baliza de Quim. O Celtic não é o União de Leiria, nem o Desportivo das Aves. Há que encarar o jogo com a humildade de quem sabe que um ponto conquistado pode ser determinante. A vitória seria fantástica ? É verdade, mas o empate não é mau de todo. Há que ser realista, pois perder, isso sim, é que é absolutamente proibido, e deve por isso ser essa a preocupação fundamental. Além do mais, uma estratégia de contra-ataque, parece-me ser a que dá mais possibilidades de vitória neste tipo de jogo (lembram-se de Anfield Road ?)
Com os laterais a caírem sobre Nakamura e Maloney, parece-me que o Benfica poderá dispor de superioridade numérica no centro nevrálgico do terreno, com Petit, Katsouranis e Nuno Assis para Karosik e Sno, uma vez que Lennon terá que se preocupar com um dos pontas de lança encarnados. Na frente Simão poderá aparecer indiscriminadamente num e noutro flanco, à semelhança do que fez em Leiria, obrigando os laterais escoceses a permanecerem alerta.
Assim sendo, no plano meramente académico, esta equipa parece encaixar bem nas capacidades dos encarnados, pelo que há que encarar o jogo com optimismo e com confiança, sem que isso signifique qualquer ponta de sobranceria. Quer-me parecer que o melhor Benfica é superior ao melhor Celtic, pelo que os encarnados dependem talvez mais de si do que do próprio jogo.
Os católicos de Glasgow (privados de Gravesen e provavelmente Zurawski) deverão apresentar a seguinte equipa: Boruc na baliza, um quarteto defensivo constituído pelo veterano Telfer, por Caldweel, McManus e Nylor, o irlandês Lennon à frente da defesa, Nakamura (em grande forma) sobre a direita, Jarosik e Sno no meio campo e Maloney sobre o flanco esquerdo, com Hasselink bem na frente.
Por sua vez o Benfica, com as limitações que também tem (Rui Costa, Karagounis e Paulo Jorge), não deve fugir do figurino que tão bons resultados deu em Leiria, eventualmente com Alcides (mais forte no jogo aéreo) no lugar de Nelson. Ou seja: Quim, Alcides, Luisão, Ricardo Rocha, Léo, Petit, Katsouranis, Nuno Assis, Simão, Miccoli e Nuno Gomes.

À mesma hora do Celtic-Benfica, o F.C.Porto disputa também um confronto decisivo no Dragão perante o Hamburgo. Embora os alemães se encontrem no fundo da tabela classificativa do seu campeonato, e somem 0 pontos nesta competição, a qualidade dos seus jogadores (Sorin, Mathijssen entre outros) é suficiente para preocupar os portistas, que estão absolutamente proibidos de perder pontos.
A equipa de Jesualdo tem-se mostrado razoavelmente segura na prova doméstica, mas ainda não exibiu na Europa quaisquer argumentos que lhe garantam qualquer favoritismo para um apuramento tranquilo. Chegou também agora a sua hora.

2 comentários:

Anónimo disse...

LF

Eu penso, que quando o Benfica joga sem medos e concentrado, é uma equipa muito forte, é certo que tem de jogar, no inicio na espectativa, mas depois dos primeiros 20m, deve jogar á Benfica, sem medos, com muita confiança, a fazer jus ao grande Benfica temido por essa Europa fora

A nossa equipa é formada por internacionais de vários paises, campeões da Europa, vices campeões da Europa, 4º Classificado no Campeonatodo Mundo, não podemos temer uma equipa como o Celtic, respeita-la sim, mas não teme-la

Acho que podemos fazer um resultado positivo em Glasgow

Anónimo disse...

Concordo.
Só que acho que jogar para ganhar passa por aplicar a estratégia de que falei.