UMA DOCE ESTRELA DO CÉU

Com uma exibição muito pouco entusiasmante, o Sporting garantiu ontem mais três pontos e mantém-se firmemente colado ao F.C.Porto no primeiro lugar da Liga, o que faz antever, desde já, um grande jogo para o próximo domingo em Alvalade, quando os dois se defrontarem.
A jogar em campo neutro, os leões acabaram por ter a sorte do jogo ao marcar já nos descontos da primeira parte, após um canto resultante de um erro ridículo da linha defensiva do Estrela. Era o que a equipa de Paulo Bento precisava para se tranquilizar, e todo o segundo período foi de profunda sonolência. Uns sem talento nem capacidade de reacção, outros a pensar no Bayern de Munique.
Não se pode criticar o realismo dos leões – o Benfica ganhou, pela mão de Trapattoni, o seu último campeonato desta forma – mas não deixa de constituir, em tese, motivo de lamento que uma exibição destas valha precisamente os mesmos três pontos que o recital de futebol de ataque dado pelo Benfica no sábado em Leiria. O futebol é assim, não há nada a fazer.
Outro aspecto que resulta deste jogo, desta jornada, e do que vai de campeonato, é a enorme fragilidade demonstrada pela generalidade das equipas da segunda metade da tabela. Já na jornada passada o Benfica havia "depenado" um Desportivo das Aves, sem qualquer ofensa, de segunda divisão. O F.C.Porto, com um calendário inicial mais leve, tem encontrado facilidades incríveis na maioria dos seus jogos, e esta partida do Sporting foi mais uma prova dessa triste evidência que já vem, diga-se, da temporada passada.
Há dois anos um F.C.Porto campeão europeu e mundial, um Sporting finalista da taça Uefa e um Benfica campeão nacional perderam dezenas de pontos para equipas como o Sp. Braga de Jesualdo, João Alves, João Tomás, Abel, Jorge Luíz e Nunes; o excelente V.Setúbal (vencedor da Taça) de José Couceiro, Moretto, Jorginho, Manuel José e Meyong; o extraordinário V.Guimarães de Manuel Machado, César Peixoto, Marco Ferreira e Silva; o espectacular Rio Ave de Carlos Brito, Miguelito, Ricardo Nascimento e Franco; a rigorosa Académica de Nelo Vingada, Marcel, Joeano, José Castro e Hugo Leal; o surpreendente Penafiel de Luís Castro, N’Doye, Edgar Marcelino e Sidney, o Boavista de Jaime Pacheco, Nelson, Eder, Hugo Almeida e João Pinto, etc. A maioria destas equipas está hoje substancialmente enfraquecida, muito em virtude da crise económica que obrigou a um profundo desinvestimento, e o resultado disso é uma muito menor competitividade. Os grandes, com receitas maiores e mais consistentes, têm resistido melhor a esta difícil fase, o que lhes dá hoje uma superioridade muito mais vincada face a esse passado recente, invertendo assim uma tendência de maior equilíbrio que se verificara no futebol nacional ao longo dos primeiros anos do sec XXI. É pena.

3 comentários:

Anónimo disse...

são precisamente os 3 pontos, sim senhor, até porque não há muito tempo vi o benfica ganhar um sem número de jogos desta maneira, enquanto o sporting, como (quase) sempre, lá ía jogando o melhor futebol do campeonato e ora dava 3 ou perdia infantilmente.
acho que ainda há muita gente que ainda não percebeu o real valor desse (já) grande treinador que dá pelo nome de Paulo Bento: o REALISMO.
Que é uma coisa que tem faltado a muita gente no futebol português.

Paulo Santos disse...

Totalmente de acordo relativamente ao notório enfraquecimento dos ditos "mais pequenos". Subscrevo também a tua opinião relativamente ás causas que apontas para o fenómeno.

Continuação de bons posts

Anónimo disse...

Cj,

Eu tive o cuidado de lembrar que o Benfica ganhou um campeonato assim.
Não tenho dúvidas que Paulo Bento se está a tornar num grande treinador.

Paulo Santos,

Obrigado