TAÇA DE ESCÂNDALO

Ninguém lhe passaria pela cabeça que numa aparentemente tranquila e sonolenta eliminatória da Taça de Portugal, o todo poderoso F.C.Porto, campeão nacional, detentor da taça, líder incontestado da liga, com apuramento garantido para a fase eliminatória da Champions, se deixasse incrivelmente bater em casa pelo modesto Atlético da II divisão B.
É este o fascínio de uma prova que muitos teimam em desvalorizar, mas que constitui um momento único de afirmação e de glória para equipas, jogadores e treinadores do “outro” futebol, daquele que está semanalmente longe dos grandes palcos, das televisões e dos jornais, mas que faz movimentar centenas ou milhares de atletas, em muitos dos casos por pouco mais do que amor à modalidade ou o eternamente adiado sonho de um futuro radioso.
O histórico clube de Alcântara teve ontem o seu dia, que para todos aqueles jogadores não será seguramente jamais esquecido, em particular para o ponta-de-lança brasileiro David - autor do golo solitário do jogo -, chegado a Portugal há 4 anos atrás com destino ao Juventude de Évora, onde desde logo demonstrou grandes dotes goleadores.
Mas para além de todo o mérito e esforço dos homens da Tapadinha, este resultado não pode deixar de envergonhar a equipa de Jesualdo Ferreira, que enquanto treinador principal consegue a triste “proeza” de ficar ligado a dois dos mais humilhantes resultados do historial de Benfica e F.C.Porto, pois há pouco mais de 4 anos era ele que estava no banco dos encarnados quando estes se viram eliminados em pleno Estádio da Luz pelo pequeno Gondomar, também na altura militando na II divisão B, também por 0-1, também na primeira eliminatória da Taça de Portugal, jogo que lhe valeu, como nos lembramos, o despedimento.
O experiente treinador parece não ter aprendido a lição e voltou a incorrer no erro de fazer descansar muitos dos habituais titulares num jogo a eliminar, descaracterizando assim por completo o conjunto, numa altura do ano em que até seria mais natural permitir aos principais jogadores tempo de jogo de modo a mais rapidamente poderem recuperar o ritmo competitivo perdido numas longas férias natalícias.
Ficou também provado que já não há jogos ganhos de antemão. As equipas de escalões secundários trabalham bem, têm capacidade de combate, são capazes de se organizar em campo, e com a concentração própria de um grande momento podem perfeitamente bater o pé a quem as menospreze e não dê o seu melhor para ganhar.
Não foi o caso, diga-se do Benfica, que não menosprezou o Oliveira do Bairro (também da II B), e tendo a sorte de marcar logo ao quarto minuto, pôde partir tranquilamente para uma natural goleada. Nuno Gomes e Fonseca reencontraram-se com os golos (dois cada), num jogo sem história para o clube da Luz – pois para os da Bairrada ficará certamente bem gravado na memória de quantos nele participaram ou a ele assistiram.
VEDETA DA BOLA esteve também na Taça, em Évora, onde o Juventude local (da III divisão) foi derrotado pelo Pinhalnovense (do escalão acima) por 1-4. Algumas falhas defensivas – mormente em lances de bola parada -, uma natural diferença de ritmo competitivo, e quiçá os efeitos de uma profunda remodelação da equipa eborense na sequência de saídas e entradas de jogadores em Dezembro, determinaram o rumo da eliminatória, numa bela tarde de futebol perante uma moldura humana digna de registo, sobretudo dado o frio que se fazia sentir, o preço dos bilhetes (mínimo 6 euros) e o nome das equipas em presença. Talvez a longa pausa futebolística tenha aberto o apetite aos adeptos (na Luz haviam estado mais de 30 mil no sábado à tarde).
Amanhã teremos o sorteio da próxima eliminatória, que se joga já no dia 21 (estranha calendarização esta…).
Viva a Taça !

5 comentários:

Anónimo disse...

LF

Bom resultado do fcp, fiquei satisfeito por ter sido, dois jogadores Ex Juventude de Évora, Nuno Gaio ( fez o passe ) e o David a marcar

Em relação ao JSC, gostava que tivesse ganho, para poder jogar com o Benfica, para o ano há mais taça, pode ser !!!

LF disse...

No fundo a Taça de Portugal é isso mesmo: a festa dos pequenos clubes.
O "nosso" Juventude teve uma participação meritória, passando três eliminatórias, duas das quais com equipas de escalão superior, e chegando à fase dos clubes da Liga principal.
A partir de agora só resta uma equipa da III divisão (Sertanense).

É claro que o sonho da taça para quase todos os pequenos clubes passa por receber um grande.
Um Juventude-Benfica para a Taça seria "o jogo da minha vida", e o jogo da vida de muita gente.

Infelizmente nunca aconteceu (lembro-me de Juventude-Guimarães, Juventude-Rio Ave, e dois Juventudes-Boavistas, para além dos dois F.C.Porto-Juventude ambos nas Antas, um dos quais ficou tristemente na história pelo facto de Jardel ter marcado 7 golos, o seu máximo na carreira, Braga-Juventude, e lembro-me também, claro, da ocasião em que o Juventude, então na II B eliminou o Gil Vicente então na I divisão por 1-0 no Sanches de Miranda em meados dos anos 90).

Este ano estava com alguma esperança, mas paciência...
Cada vez é mais difícil isso acontecer pois nos novos moldes, para chegar a esta fase é necessário vencer três eliminatórias, e depois ainda é preciso muita sorte no sorteio.

Agora só espero que não calhe um Pinhalnovense-Benfica, para não termos de dar umas cabeçadas na parede.
O meu amigo CJ que me perdoe...

Anónimo disse...

olha, afinal foi o Camacha.

Anónimo disse...

Ainda bem.
Acho que o Pinhalnovense pode perfeitamente passar.
Boa sorte !

Anónimo disse...

o pinhalnovense, para quem não sabe, tem alguma tradição na taça.
nos últimos anos chegou por duas vezes aos quartos de final.