COMEÇA CEDO...

Ainda estamos em Março, e já a lista de reforços do Benfica para 2009-10, segundo os jornais, ascende a vinte (!!) nomes, ou seja, quase um plantel completo.
Por ordem alfabética: Afonso Alves, Beletti, Biseswar, Djalma, Eliseu, Enevoldsen, Espinoza, Fernandinho, Mandanda, Mathieu, Miccoli, Mousa Sissoko, Nené, Orlando Sá, Patric, Paulo Assunção, Paulo Ferreira, Ricardo Rocha, Verdú e Witsel.
Pelos vistos, este tipo de notícias continua a originar boas vendas. Eu, por mim, já nem as leio. Limito-me a anotar os nomes para, quando se justificar, actualizar a lista.
Quanto ao plantel do Benfica para 2009-10 propriamente dito, já disse aquilo que pensava. Quatro aquisições e não muito caras: um lateral, um médio e dois avançados.

QUEIROZ - o verdadeiro regresso ao passado

Jogo no Estádio do Dragão, Pinto da Costa sentado ao lado do presidente da FPF e do ministro, vários jogadores do F.C.Porto no relvado, nenhum do Benfica, nenhum do Sporting, empate deprimente, qualificação frustrada.
Com este panorama, vieram-me à memória tempos antigos da selecção nacional, quando ela apenas servia de mero instrumento face aos interesses de um clube.
Luíz Felipe Scolari pôs fim àqueles tempos. Teve o desplante de, fazendo os melhores resultados de sempre de Portugal, abafar conquistas internacionais do F.C.Porto. Foi, talvez por isso, atacado ferozmente.
Queiroz veio colocar tudo como antes. Uma selecção amiguinha do poder. Uma selecção reverente. Uma selecção bonitinha e perdedora.
Pinto da Costa, que festejou mais o golo de Charisteas do que muitos gregos, tem motivos para sorrir. Esta selecçãozinha não vai fazer figura, e o seu Porto europeu reinará sozinho.
Não verá tão depressa um povo (quase) inteiro em festa, completamente indiferente aos seus títulos. Não verá as ruas de Lisboa, de Setúbal, de Faro, de Évora, de Coimbra, de Braga cheias de gente eufórica com triunfos futebolísticos. Não verá um país unido em torno dos seus heróis. O herói voltará a ser apenas ele, e só para os seus.
As guerras norte-sul seguem dentro de momentos. A selecção deixou de ser um perigo.

QUEIROZ - oito meses, vinte erros

1- Demarcou-se de Scolari de forma algo arrogante, falando de bandeiras à janela e de títulos conquistados e não conquistados. Ganhou de imediato a antipatia de muita gente que se revia nos métodos brasileiro, e que vivera com paixão o percurso da selecção nos anos anteriores. Muitos que inclusivamente nem gostavam do futebol de clubes.
2- Logo na primeira convocatória deu sinais de querer romper com o passado, deixando de fora nomes fortes de Scolari como o guarda-redes Ricardo, Postiga ou Maniche, e convocando Daniel Fernandes, Duda, Antunes e Danny, no que seria o início de um constante rodopio de novos jogadores, quase todos sem quaisquer provas dadas, como Gonçalo Brandão, Edinho, César Peixoto,Eliseu, Orlando Sá entre outros.
3- Não percebeu que a base de Scolari ainda permitia fazer mais este Mundial, que os quartos-de-final do Euro 2008 tinham sido um bom resultado, que não havia pressa na renovação e que não havia muitos outros jogadores de qualidade para integrar na equipa. Nomes como Nuno Gomes, Petit, Ricardo, Quaresma, Caneira, Postiga, Maniche, Veloso, Miguel, Quim, Meira e outros, foram sendo, de uma forma ou de outra, afastados da equipa. Foi ele, e mais ninguém, que, rompendo com tudo, mudando tudo e ainda fazendo acusãções estapafúrdias, se pôs a jeito de comparações com o antecessor
4- A sua aparente e precipitada estratégia de renovação não contemplou, por seu lado, jogadores que talvez merecessem um outro olhar, como Moreira, Ruben Amorim ou João Pereira.
5- Desmantelou a estrutura emocional que tinha permitido a Scolari manter um grupo coeso e ganhador, eliminando progressivamente os principais focos de liderança ligados ao brasileiro, não aproveitando assim o que de melhor ele havia feito.
6- Mudou o onze em todos os jogos, não deixando que uma equipa base adquirisse automatismos e coesão colectiva.
7- Nunca colocou como titular o melhor ponta-de-lança português, com história na selecção, com experiência e personalidade capaz de liderar o balneário. Acabou por deixar de o convocar, alegadamente por não ser titular no Benfica, mas foi capaz de convocar Orlando Sá, que nunca sequer havia sido titular num jogo oficial pelo seu clube.
8- Com a Dinamarca quis pôr a equipa a jogar um futebol ofensivo e romântico, sem qualquer eficácia ou segurança no jogo. Não soube gerir os momentos finais dessa partida, quando Portugal tinha a vitória na mão
9- Demonstrou falta de firmeza quando permitiu que vários jogadores se declarassem lesionados para os jogos com a Suécia e a Albânia, jogando pelos seus clubes três dias depois.
10- A sua postura no banco transmitiu sempre tudo menos tranquilidade e confiança.
11- Se a marcação do jogo com o Brasil foi da sua responsabilidade, tratou-se de mais um erro crasso. Tal como aliás o de hoje frente à África do Sul.
12- Prescindiu de Quim, por não estar a jogar, convocando guarda-redes de segundo plano como Eduardo, Beto ou Daniel Fernandes.
13- Prescindiu sempre de Marco Caneira para o lado esquerdo da defesa, adaptando um inexperiente Duda.
14- Nesta segunda partida com a Suécia colocou um central a médio, um médio a avançado, um número oito a número dez, um extremo a lateral, e depois, mais um central a lateral, desvirtuando qualquer ideia de coerência futebolística que a equipa poderia ter.
15- Não aproveitou a lesão de Bosingwa para, recuando Pepe para a linha defensiva, introduzir desde logo Deco ou Hugo Almeida.
16- Substituiu Tiago, que estava a realizar uma exibição bem conseguida, deixando o inoperante Meireles em campo.
17- Não se percebe a inclusão de Rolando na ficha do jogo, havendo três centrais em campo, e ficando Nelson (único lateral para além de Bosingwa) na bancada.
18- No final do jogo com a Suécia desculpou-se com as arbitragens, perante o espanto geral, obrigando a rever os resumos à procura do tal lance que ninguém vira.
19- Continua, como o chefe da orquestra do Titanic, a ver virtudes que mais ninguém vê, e a acreditar cegamente num apuramento que ele próprio vai enterrando jogo após jogo.
20- Poderia ter tido a prudência política de convocar ao menos um jogador do Benfica (Nuno? Amorim?, Moreira ?), de modo a não afastar mais apoios. De resto, neste jogo não foram utilizados quaisquer jogadores do Benfica nem do Sporting. Scolari podia não ter boas relações com o F.C.Porto, mas nunca deixou de utilizar os seus jogadores.

QUEIROZ - cinco jogos, cinco onzes

QUEIROZ - a razão antes do tempo

"À semelhança do que alguém já escreveu, não compreendo porém a unanimidade que se criou em seu redor, como se de um D.Sebastião se tratasse, como se dele dependesse todo o futuro do futebol português, como se só ele o pudesse salvar.Recordo que Carlos Queirós, enquanto técnico principal de uma equipa sénior, tem o seu palmarés reduzido a uma Taça de Portugal e uma Supertaça de Espanha. Não conquistou mais nada. Falhou enquanto técnico do Sporting, acabando despedido, falhou enquanto treinador do galáctico Real Madrid (de Zidane, Figo, Raul etc), despedido sendo. Na selecção nacional A orientou duas campanhas de qualificação (para o Euro 1992 e Mundial 1994) não conseguindo nenhum apuramento, mesmo dispondo de Rui Costa, Paulo Sousa, Figo, Rui Barros, Rui Águas, Futre, Vítor Baía entre outros. Foi ainda despedido da selecção da África do Sul, e o resto da sua carreira, entre os títulos de sub-20 e os últimos anos como adjunto em Manchester, foi passada em clubes dos Estados Unidos, do Japão e afins.Trata-se de um cientista do futebol, de um cientista da formação – onde lhe reconheço todos os méritos -, de um homem sério, trabalhador, metódico e disciplinado. Daí a ser um treinador de top internacional vai alguma distância. Daí a ser uma espécie de homem providencial para o futuro da selecção nacional maior distância irá. (...) tenho consciência que os anos (e resultados) de Scolari dificilmente se irão repetir no futuro próximo, seja qual for o seleccionador. "
LF em 3 de Julho de 2008

É PORTUGUÊS !

A Selecção de Queiroz não marca golos há 270 minutos de futebol.
Mas este homem é português, tem 32 anos (Larsson, que jogou pela Suécia, tem 37 !), leva 29 golos marcados por Portugal (sendo apenas suplantado por Pauleta, Eusébio e Figo), e nesta temporada só falhou três jogos do Benfica, um por lesão, outro por castigo e só um por opção técnica. Marcou, em 2008-2009, sete golos (nenhum de penálti).
Mas...não é convocado para a selecção.
Para quê dizer tudo isto ? Agora já é tarde. Portugal e Queiroz estão tão encostados como Nuno Gomes. As vítimas somos todos nós, mas o culpado é só um.

QUEM QUER CASAR COM A CAROCHINA?

Anunciado com pompa e circunstância desde há vários meses atrás, o Congresso do Sporting – nome pomposo como só eles saberiam pôr –, pouco ou nada trouxe de novo.
Num ambiente pacificado por Lucílio Baptista – sim, o penálti algarvio uniu a nação leonina, e fez esquecer os cinco, os sete, e uma época decepcionante… -, Filipe Soares Franco foi o rei da ocasião, e só não tem o clube na mão porque ele não quer. Aliás, vendo bem, ninguém quer.A cerca de dois meses das eleições, o clube de Alvalade continua à procura de presidente, e todas as importantes personalidades que vão sendo anunciadas como putativos candidatos, acabam por esbarrar na impossibilidade de largar vidas profissionais extraordinariamente bem gratificadas, em nome de um mero passatempo de fim-de-semana, coisa que um clube de futebol não deixa de ser para quase todos eles. Enfim, problemas de um clube de raiz aristocrata, algo que continua a marcar fortemente a sua identidade presente…
Mas para além do folhetim presidencial, o que parece principalmente estar em causa é mais uma subliminar tentativa de uma certa linha de poder no Sporting (a que eu chamaria Roquettista) para diminuir o carácter democrático dos estatutos do clube. Só um cego é que não vê – e creio haver alguma cegueira entre os sportinguistas - que o que está em cima da mesa é a eliminação, a médio prazo, do pendor associativo do clube para reforço do seu carácter empresarial, o que, além de todas as reservas que a mim – caso se tratasse do meu clube – me provocaria, parece andar em contra-ciclo com a tendência política e económica dominante no mundo pós crise financeira.
Há muito que um certo Sporting – elitista, banqueiro, engravatado - sonha com um clube totalmente empresarializado, com capital maioritariamente privado (de quem ??), com administração altamente remunerada, e com uma gestão imune a Assembleias Gerais de sócios em transe ou a interferências de claques e afins. Do outro lado está o Sporting popular, dos adeptos espalhados pelo país, das claques apaixonadas, de quem gostava mais de ter um Pavilhão para Hóquei e Basquete do que um Holmes Place, de quem olha para os lados e não vê ninguém seguir por aquele caminho em Portugal (nem o ecletista e popular Benfica, nem mesmo o vitorioso Porto), e teme – a meu ver com razão – que essa privatização sirva mais para encher os bolsos de alguns accionistas do que para encher a sala de troféus do clube.
A mim pouco me interessa o futuro do Sporting. Mas, olhando a coisa desde o outro lado da Segunda Circular, talvez fosse bom ver os leões entrar por esse caminho sem retorno. Se por um lado duvido que fossem bem sucedidos, por outro tal serviria de vacina para evitar que alguma vez na Luz se pensasse em semelhante coisa.
Mas, pelo que se viu em Santarém, nem isso acontece, nem o contrário. Tudo vai continuar como até aqui, com instabilidade, acusações e indefinição. Valha-lhes o Paulo Bento e o Liedson…

UM ADEUS PORTUGUÊS

Não adianta dourar a pílula. Agora só um milagre poderá permitir à selecção nacional estar presente no Mundial.
Ganhar à Suécia era a última oportunidade que tínhamos de reverter uma qualificação já de si muito complicada. O empate a zero não passa pois, na prática, de uma derrota, e coloca a equipa das quinas à beira de um dos seus maiores fracassos das últimas décadas, justamente pela mão daquele que muitos consideravam o seu providencial salvador.
Portugal, ontem, até produziu alguns momentos agradáveis de futebol. Mas se por um lado voltou a revelar a ineficácia que já lhe valeu três empates a zero consecutivos, por outro, não se poderá desenquadrar este jogo dos últimos e penosos meses da equipa, que ainda não conseguiu objectivamente nada – nem um bom resultado, nem um jogo totalmente conseguido -, desde que Luíz Felipe Scolari a deixou.
A total inoperância revelada diante das balizas faz lembrar os tempos de Pedroto, que dizia faltarem trinta metros ao futebol português. É verdade que, à excepção de Pauleta, poucos foram os que daí para cá se afirmaram como verdadeiros goleadores. Mas se um desses poucos ainda joga e Queiroz faz que não o vê, mais grave ainda é, durante uma hora de um jogo em que só a vitória interessava, a equipa portuguesa, recheada com quatro defesas-centrais, insistir no erro de jogar sem um único ponta-de-lança, mau ou bom, forte ou fraco, alto ou baixo, velho ou novo.
Mas o problema de Portugal não se resume a um sistema táctico nem a uma ou outra opção individual. Os equívocos de Queiroz têm sido muitos, e começaram desde logo ao pretender, arrogantemente, introduzir alterações de fundo à filosofia que tão bons resultados tinha dado nos anos anteriores, alegadamente com o objectivo de – agora sim – ser campeão do mundo (!!). O novo seleccionador desmantelou uma base coesa e ganhadora, para em cima dela colocar o nada. Afastou jogadores experientes e integrados na alma da selecção, para em lugar deles convocar jovens avulso sem referências nem credenciais (ontem a dada altura, quando as câmaras filmaram o banco nacional, tive dificuldades em reconhecer alguns suplentes). Multiplicou experiências que só ele pareceu entender, e que nunca conseguiu justificar. Utilizou critérios pouco ou nada coerentes (prescindindo de jogadores por não serem momentaneamente titulares nos clubes, para depois convocar jogadores sem um único jogo oficial completo nas respectivas carreiras). Abdicou do presente invocando construir um futuro – coisa que é, no futebol, como na vida, na política ou na economia, quase sempre um mau princípio. Perdeu ambos, perdendo-se também a si próprio pelo meio.

Queiroz saberá certamente muito de metodologias de treino, de aspectos científicos relacionados com a motricidade, mas não entende nada do que se passa dentro das linhas de um campo, e provavelmente também não sabe como gerir e motivar um balneário de jogadores profissionais. A sua carreira fala por si, com despedimentos sucessivos à frente do Sporting, do Real Madrid, da selecção sul-africana, e com três (com esta) qualificações falhadas à frente da nossa selecção. Em Manchester foi vivendo tranquilamente na sombra de Alex Ferguson, pouco ou nada se notando, quer a sua entrada, quer a sua saída do clube.
Pode parecer embirração, mas na verdade nada tenho contra o professor. Reconheço-lhe méritos na formação de jovens e na organização de retaguarda. Acho-o uma pessoa educada e gosto de o ouvir falar. Muito gostaria de ser ainda obrigado, pelos factos, a desmentir tudo isto, e ver Portugal na África do Sul em 2010. Infelizmente não acredito. Já pouco acreditava, e ontem tive a prova definitiva.
É uma pena que a jogadores como Cristiano Ronaldo, Deco, Pepe, Ricardo Carvalho, Bosingwa ou Simão seja negada a oportunidade de se exibirem na maior montra do futebol internacional, aquela onde se escreve a história do desporto-rei, aquela onde os homens se tornam deuses. A culpa não é deles, que correram e lutaram quanto puderam, nem é do público português que voltou a encher um estádio para apoiar a equipa. Dentro de uma semana, com o campeonato nacional de volta, ninguém mais se vai lembrar da qualificação para o Mundial. Mas ao contrário de qualquer penálti mal assinalado num qualquer relvado do país, este sim é um problema grave, que a todos deveria merecer reflexão.

VAMOS A ELES !

Estádio do Dragão, 20.45, TVI
Equipas prováveis:
PORTUGAL - Eduardo, Bosingwa, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Duda, Pepe, Tiago, Deco, Cristiano Ronaldo, Hugo Almeida e Nani
SUÉCIA - Isaksson, Nilsson, Mellberg, Majstorovic, Edman, Svensson, Wilhelmson, Kallstrom, Holmen, Elmander e Larsson
PONTO DE SITUAÇÃO DO GRUPO 1:

OUTROS JOGOS DA JORNADA: Malta-Dinamarca e Albânia-Hungria

OPERAÇÃO SUÉCIA

Depois da problemática Final da Taça da Liga, é agora altura de unir esforços e olhar para a Selecção Nacional, num momento bastante delicado da fase de apuramento para o Mundial 2010. Frente à Suécia só há uma hipótese: ganhar ! Qualquer outro resultado deita praticamente por terra a possibilidade de qualificação, pelo que se queremos mesmo estar no Mundial, este é um jogo de vida ou morte.
Ibrahimovic não joga, o que é incontestavelmente uma vantagem. O avançado do Inter é, de longe, o melhor jogador sueco, e também um dos melhores do mundo na actualidade. A equipa de Queiroz tem, todavia, que mostrar muito mais capacidade colectiva do que se viu até agora, pois caso contrário dificilmente se superiorizará a um conjunto muito forte fisica e tácticamente, e com larga experiência em apuramentos para fases finais.
Não entendo, como aliás muita gente não entende, algumas das escolhas do seleccionador. Nem sequer simpatizo particularmente com ele. Isso não impede que esteja de alma e coração ao lado da equipa das quinas, tenha ela jogadores do meu clube ou não. E só não vou ao Dragão apoiar porque não posso.
Mas já agora, deixo aqui aquela que seria a minha convocatória, bem como o onze base dela resultante.
GUARDA-REDES: Quim e Eduardo
DEFESAS: Bosingwa, Ricardo Carvalho, Pepe, Bruno Alves, Marco Caneira, Miguel e Fernando Meira
MÉDIOS: João Moutinho, Maniche, Deco, Tiago e Raul Meireles
AVANÇADOS: Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes, Simão, Nani e Hugo Almeida
Onze base:
Não estando presentes Quim, Caneira e Nuno Gomes, o mais provável é que joguem Eduardo, Duda e Hugo Almeida.

III ANIVERSÁRIO

21/03/2006 - 21/03/2009

É lamentável. Com a Taça da Liga e toda a polémica em seu redor, VEDETA DA BOLA até se esqueceu do seu próprio aniversário.
Foi no sábado passado - dia da final - que se completaram três anos desde que este vosso espaço viu a luz do dia. Foi a 21 de Março de 2006, pouco antes dos jogos da Liga dos Campeões entre Benfica e Barcelona, que foi aqui publicado o primeiro dos quase 1.500 posts que entretanto se seguiram. Como forma de comemorar de efeméride, passo a contar um pouco da história da sua criação.
VEDETA DA BOLA teve origem numa pequena tertúlia de três amigos (LF, Brytto e Otragal, editor e habituais comentadores respectivamente, comparsas de longa data, de muitos episódios e cumplicidades), que vivendo em diferentes cidades se foram habituando a trocar e-mails com opiniões e ideias sobre futebol e os seus clubes (os dois primeiros benfiquistas, o terceiro sportinguista fanático). A coisa foi-se sistematizando de tal modo que a dada altura passou a fazer sentido partilha-la com mais pessoas. Assim nasceu a ideia de criar um blogue, ainda que Brytto e Otragal tenham, não sei porquê, declinado o convite para nele editarem os seus brilhantes textos.
LF partiu pois sozinho para esta aventura, que com os seus pontos mais altos e mais baixos lá vai levando a água ao moínho. Três anos de incessante crescimento são o prémio à dedicação e ao trabalho realizado, muitas vezes em circunstâncias de tal modo difíceis que quase puseram em causa a continuação do projecto.
E assim se chegou aqui. VEDETA DA BOLA agradece pois a todos os que o visitam e lhe dão vida (mesmo a adversários e rivais), e que de um número médio mensal de 1.200 entradas cresceram entretanto para dez vezes mais, ou seja, 12 mil (atingindo um acumulado de mais de 227 mil), o que, mesmo não constituindo objectivo central do blogue, não deixa de causar uma pontinha de orgulho.
Daqui para diante estão pensadas algumas novidades, que a seu tempo serão conhecidas. Os objectivos serão sempre os mesmos: dar largas ao gosto pela escrita, à paixão pelo futebol e à defesa do Benfica.
Um abraço a todos. Continuem por aqui.

OS PERSONAGENS, POR ORDEM DE ENTRADA EM CENA

LUCÍLIO BAPTISTA – Foi o grande protagonista da novela. Errou, como muitas vezes ao longo da carreira, mas desta vez penalizando o Sporting, e logo numa final com o Benfica (uii…). Voltou a errar no dia seguinte, aceitando uma entrevista televisiva para a qual não estava manifestamente preparado.
Tenho para mim que Lucílio Baptista terá ficado com dúvidas no lance do David Luíz, ocorrido pouco antes, e não quis correr riscos de deixar dois penáltis por assinalar contra a mesma equipa. É claro que muitas das decisões dos árbitros são tomadas por intuição – só por ingenuidade o poderemos negar – e o que é certo é que ninguém pode afirmar com honestidade que teve certezas antes de ver as repetições televisivas. Mas as justificações dadas pelo árbitro não o ajudaram nada.
Viu, com este jogo, a sua carreira posta em causa, mas nenhum dos grandes clubes irá chorar uma lágrima por ele.

PEDRO SILVA – O que ele fez não tem perdão, e só a má consciência de Lucílio Baptista o poderá poupar a uma punição exemplar.
Compreende-se o seu desespero, e até se entenderia a destemperada reacção inicial. Mas, passada mais de meia hora, fazer novo número de circo atirando a medalha ao ar, desrespeitando liga, espectadores, patrocinadores, adversários e colegas, já é mais difícil de aceitar.
Três mesinhos sem jogar só lhe fariam bem, e talvez percebesse que um profissional de futebol tem responsabilidades éticas e de comportamento que não pode nunca pôr de lado. Veja-se o comportamento de Yebda no jogo do Dragão, e perceba-se a diferença.
Também a declaração sobre o filho era dispensável, fazendo lembrar as ridículas juras pintodacostistas.

PAULO BENTO – Desde que o vi ter o desplante de vociferar contra uma arbitragem numa flash interview, apenas cinco minutos depois de Moutinho rasteirar impunemente Adu dentro da área do Sporting num dos últimos derbies na Luz, perdi todo o respeito pelas suas considerações sobre o tema. Nunca disfarçou – nem muito menos agora – que, conhecendo bem o futebol português, utiliza os microfones para tentar influenciar as arbitragens futuras, e foi ele o único treinador que falou das mesmas antes ainda de se iniciar o campeonato. Foi ele também o único personagem desta história a falar objectivamente do segundo lugar, como que a pedi-lo em jeito de indemnização.
A sua voz não tem pois credibilidade alguma em matéria de arbitragem, e está mais do que gasta. É um excelente treinador, mas devia falar menos.

QUIQUE FLORES – Se o tenho criticado pelo comportamento da equipa em campo, a sua atitude fora dele é absolutamente exemplar.
Tem, como ninguém, a autoridade moral de levantar a taça sem baixar a cabeça, pois nunca, desde que está em Portugal, falou de qualquer arbitragem. E motivos não lhe faltaram.

LIEDSON – Acabou por ser, de entre as vozes leoninas, o que mais ponderação teve no que disse. Lamentou o prejuízo, mas, mesmo falando a quente, foi capaz de olhar para a frente e não só para trás. Uma postura surpreendente de quem, no passado, nem sempre primou pelo desportivismo.
DI MARIA – No meio do caldeirão criado, chegou a pedir-se um castigo para o jovem argentino por ter reclamado um penálti que as repetições vieram depois a demonstrar não existir.
Só quem nunca tenha visto futebol, ou queira fazer dos outros parvos, pode afirmar tal coisa, como se simular faltas fosse o mesmo que reclamá-las.

SOARES FRANCO – Nunca perdeu a compostura, o que abona em seu favor. Excedeu-se nas palavras, mas isso percebe-se face à frustração que, como todos os sportinguistas, naturalmente sentiu, e também à conjuntura leonina – vésperas de congresso, período eleitorial, naufrágio europeu etc.
Errou ao exigir uma reacção a quem não tinha nada para dizer: Luís Filipe Vieira. Mas errou sobretudo ao confundir questões estruturais (presença na Liga, credibilização do futebol etc) com um simples penálti mal assinalado.

ADEPTOS DO SPORTING – Entende-se a sua revolta, pois ninguém gosta de ser prejudicado pelas arbitragens, sobretudo numa final contra um rival.
Não quiseram entender porém, na sua cegueira clubista, que o erro cometido foi absolutamente normal, e igual a tantos outros que acontecem em vários estádios de vários países.
Os que têm presença no espaço mediático (Dias Ferreira, Eduardo Barroso, Rui Oliveira e Costa etc) reagiram de forma ainda mais violenta do que se esperava. As suas vozes valem o que valem, mas os disparates foram tantos que acabaram por marcar a semana pelo ridículo. Desde pedir a repetição do jogo (!!??!!), até indemnizações, tudo foi lançado para o ar.

COMUNICAÇÃO SOCIAL – Aproveitou a polémica para aumentar as vendas – até o nosso VEDETA DA BOLA bateu recordes… -, o que é legítimo. Mas aqui e ali abusou um pouco, sobretudo quando deixou que certos jornalistas dessem largas às suas parciais opiniões, ora em reportagens, ora em noticiários que se queriam isentos.
Sondagens a sugerir a repetição do jogo vão ficar como um dos momentos mais caricatos dos programas desportivos da nossa televisão nos últimos tempos.

JOÃO GABRIEL – Não consegue evitar um certo ar de malandreco-que-acaba-de-fazer-uma-partida-sem-ser-apanhado. Mas a verdade é que, de tudo o que ele disse, eu apenas não subscreveria a questão do segundo e do primeiro lugares – na verdade, jogavam os dois para o primeiro, mas vão inevitavelmente lutar pelo segundo.
A taça ao seu lado também era escusada, mas entende-se o objectivo – mostrar, e bem, que o Benfica não tem vergonha de a ter conquistado.

HERMÍNIO LOUREIRO – É uma pessoa estimável, e tem desenvolvido grandes esforços para lavar a cara ao futebol profissional português. Não merecia isto.
As suas declarações foram certeiras, mas a caldeira já estava a ferver demasiado. Sai deste folhetim como o mais injustiçado de todos os que, de algum modo, o protagonizaram. Ainda por cima, coitado, é sportinguista…

RUI COSTA – Colocou água na fervura, evidenciando a classe a que nos habituou quando estava nos relvados, e que mantém, agora fora deles.
Disse entender a frustração, mas apelou à calma e criticou exageros. Pode-se dizer que é fácil ter calma quando se ganha, mas… o que poderia mais ele fazer?

CARLOS MARTINS – Li toda a sua entrevista, e concluí que a manchete feita a partir da mesma é manifestamente abusiva. Não desrespeitou minimamente o Sporting, que julgo ser o seu clube de coração.Enquanto profissional, fez o que devia, e o que os benfiquistas dele esperam.

SÁ PINTO - Só faltava mesmo este vir atear ainda mais o fogo. Ele que sempre foi um exemplo de desportivismo. Ele que agrediu um seleccionador. Ele que terminou a carreira como merecia - com um cartão vermelho.

A TAÇA – Se em polémica se tornou uma autêntica bomba, a verdade é que a Carlsberg Cup tomou entre nós, para o bem e para o mal, um mediatismo comparável a uma final da Liga dos Campeões. Foi, como eu suspeitava, um dos momentos futebolísticos do ano, senão mesmo o principal de todos eles.
Terá que acertar os seus regulamentos mas, pelas pessoas que arrastou, pela visibilidade que teve, pela importância que assumiu, ficou a certeza de que tem tudo para se tornar uma competição de referência do futebol português.

VÍTOR PEREIRA – É sportinguista, é emblema de ouro, e é, creio, uma pessoa séria. Tem feito algumas nomeações difíceis de entender – e esta foi uma delas -, mas não tenho dúvidas de que põe as melhores intenções no trabalho que faz.
Neste caso particular, talvez lhe tivesse ficado bem uma declaração pública, até para proteger o árbitro (completamente imolado nas chamas da comunicação social).

LUÍS FILIPE VIEIRA – Esteve bem ao não falar, pois não haveria nada para dizer.
Não comemorou efusivamente – o que poderia ser mal interpretado -, mas, seguramente, não se esperaria que fosse pedir desculpas por um crime que não cometeu.
Ele até tinha criticado Lucílio antes do jogo…

PAUZINHOS NA ENGRENAGEM, PÂNICO NAS HOSTES

O futebol português da última década tem-nos revelado um interessante dado de análise: sempre que o Benfica ganha alguma competição, um nervosismo extremo apodera-se do país desportivo, que entra numa paranóia colectiva de acusações tão desesperadas como disparatadas, incapazes de disfarçar um profundo, febril e patológico sentimento de frustração. Foi assim em 2005, com a conquista do primeiro campeonato nacional pós-Apito Dourado. Voltou a ser assim com a conquista da Taça da Liga, que, vê-se agora, era afinal tão importante como importante era, para muitos, que o Benfica permanecesse, por uma época mais, no seu jejum de títulos. A excepção foi a Taça de Portugal de 2004, disputada em vésperas da final de Gelsenkirchen, momento no qual valores mais altos se levantavam.
As situações são diferentes. Em 2005, as polémicas em torno da arbitragem foram totalmente forjadas e ardilosamente construídas, não encontrando qualquer paralelo com o que efectivamente se passava nos relvados. Agora, nesta final, há de facto razões de queixa por parte do Sporting, que não justificam, todavia, o autêntico Carnaval mediático a que se tem assistido.
Acredito que, nos tempos de Manuel Damásio e Vale e Azevedo, muitos adeptos rivais se tenham convencido que o Benfica estava irremediavelmente condenado à decadência. O projecto Roquette apontava para isso mesmo, sustentando, na sua lógica empresarial, que o mercado português apenas suportava dois grandes clubes, pelo que leões e dragões teriam de se unir e deixar o Benfica fora dessa carruagem, leia-se, da discussão dos títulos e das presenças europeias. Não sou eu que o digo, foi João Rocha, ex-presidente do clube de Alvalade, que o denunciou, sem que ninguém o tenha alguma vez desmentido.Talvez por isso, talvez por se terem passado sete anos (1996-2003) sem que a equipa da Luz tenha mostrado sequer capacidade para discutir qualquer troféu, todos se foram convencendo que o Benfica não mais voltaria a emergir do seu prolongado marasmo competitivo, e deixaria todo o espaço para as conquistas dos seus adversários – ainda que só um deles efectivamente ganhasse com frequência.
Acontece que a força do Benfica, do seu gigantismo, da sua enorme massa adepta, de uma gestão mais criteriosa e profissional, permitiu-lhe ultrapassar esse período, voltando, a partir de 2004, com maior ou menor sucesso, a posicionar-se na rota da discussão dos títulos. Cada vitória do Benfica é pois, neste contexto, um enorme revés no sonho, que alguns alimentavam, de ver o Glorioso reduzido a cinzas, belenensizado ou boavistizado, longe das luzes da ribalta, envolto nas sombras do definhamento. Cada triunfo dos encarnados acerta como um enorme murro no nariz desse projecto e dessas intenções. Por isso, tanta frustração desperta.
Dispondo de um espaço comunicacional totalmente desproporcionado face ao peso social que efectivamente têm, Sporting e F.C.Porto aproveitam para, em primeiro lugar, tentar descredibilizar os triunfos benfiquistas – quer ao nível da arbitragem, quer ao nível do merecimento em campo -, e em segundo, procurar evitar que eles se traduzam numa mola impulsionadora de novas conquistas, que no fundo sabem ter razões para temer. Na verdade, enquanto o Benfica dispõe de uma clara e absoluta maioria dos adeptos do futebol, vê-se no espaço mediático reduzido a um terço (ou menos) da representatividade, o que possibilita toda esta estratégia de pressão, descredibilização e condicionamento.
O resultado é esta nuvem de polémica que se cria sobre cada triunfo do Benfica, que é, com alguma perspicácia, facilmente desmontável, mas acaba por contagiar alguns benfiquistas menos atentos. Esse é o principal perigo para o clube da Luz – não o que os outros gritam e berram, mas o que alguns dos seus próprios associados e adeptos são levados a pensar, fruto de toda a mistificação em que são esmagadoramente envolvidos.

ANDAR À CHUVA...

O Presidente da Comissão Disciplinar da Liga foi agredido à porta a sede do organismo, e a sua viatura foi vandalizada. Um dia depois das ameaças de morte a Lucílio Baptista, temos mais um exemplo de tudo o que não deve ser o futebol e o desporto, e da forma impune como certas práticas mafiosas e cobardes estão a minar o nosso país, enquanto a maioria das forças policiais se entretêm a multar carros mal estacionados.
Se este acto foi perpetrado por adeptos do F.C.Porto, como todos desconfiamos, devo dizer que se trata, para além de um crime, de uma injustiça. Ricardo Costa permitiu ao F.C.Porto passar por entre os pingos da chuva das suas práticas corruptas, subtraindo-lhe seis míseros pontinhos num campeonato já decidido, pelo que mereceria maior consideração por parte dos azuis-e-brancos.
Mas voltando à agressão, há que lembrar que neste caso particular, como noutros (Ricardo Bexiga, Carlos Pinhão, noites brancas, repórteres televisivos ets), há um tronco comum a que as autoridades não podem fechar os olhos. E se a própria Liga de Clubes e o Dr. Hermínio Loureiro quiserem fazer alguma coisa, podem-no fazer.
Porque não vender o horroroso edifício da Rua da Constituição, e transferir a sede para Lisboa? Provavelmente ninguém voltaria a ser agredido à saída ou à entrada, provavelmente haveria muito maior tranquilidade para trabalhar, sem ameaças, sem pressões tipo siciliano, sem arruaceirismos bolhoenses.
Não percebo aliás – ou se calhar até percebo…- porque motivo a Liga, sendo um organismo de âmbito nacional, não tem a sua sede na capital do país como seria lógico e natural. Se o objectivo era apenas descentralizar, porque não tê-la colocado em cidades do interior como Guarda, Portalegre, Castelo Branco ou Évora, que são tão capitais de distrito como o Porto?
Era pois uma boa altura para esta alarveirice – bem à moda dos sinistros anos noventa – ser enfim reparada, e a sede do organismo que comanda o nosso futebol profissional tomar o seu lugar na capital do país. Seria, além do mais, um bonito e simbólico acto de um novo tempo, no qual a corrupção, o tráfico de influências e o crime já não escrevem sozinhos as regras do futebol português.
Fica o desafio.

E EIS QUE AFINAL...

...o golo do Sporting também é ilegal.Resultado Real: 0-0

O MUNDO A VERDE E BRANCO

- O Sporting era, até ontem, o único dos três grandes a fazer parte da direcção da Liga de Clubes.
- O Presidente da mesma entidade é confesso sportinguista.
- O Presidente da Comissão de Arbitragem é sócio do Sporting desde que nasceu, tendo recebido, há cerca de um ano, o emblema de ouro do clube de Alvalade.
- O Presidente do Conselho de Administração da empresa que patrocina a Taça da Liga é sportinguista ferrenho.
- O árbitro da final é simpatizante do Sporting, e conhecido por ter beneficiado os leões em várias ocasiões, como aliás se prova pelo seu histórico.
- O Sporting tem sido, no presente campeonato (que Paulo Bento começou a tentar condicionar dois dias antes da primeira jornada), de entre os três grandes, o clube mais directamente beneficiado por decisões de arbitragem, como se pode ver pelo arquivo da classificação real.
- Ao contrário do que tem feito crer (com algum sucesso) na opinião pública, o Sporting tem tido ao longo dos últimos anos variadíssimas situações de benefício claro, a cujos rivais não têm dado a décima parte do significado ou amplitude mediática.
O que quer afinal o Sporting?
É verdade que existiu um erro, e que esse erro (só esclarecido através das repetições televisivas) acabou por prejudicar os leões, sendo todavia abusivo dizer-se que perderam a taça exclusivamente por causa dele. Mas, nunca se terão visto erros semelhantes ou mais graves que este? Porquê todo este carnaval mediático? Será que os árbitros só podem errar a favor do Sporting, e que na dúvida o têm sempre que proteger? Será cegueira ou esperteza saloia? A resposta só pode ser uma, e foi dada ontem na conferência de imprensa que decorreu na Luz.
Trata-se de algo que já está profundamente enraizado na cultura do clube de Alvalade, que vem sendo alimentado desde os tempos de José Roquette, e que teve finalmente, no sábado, o seu tão ansiado zénite - o Sporting ver-se directamente prejudicado num jogo frente ao Benfica, o que lhe vai permitir polir vigorosamente a sua teoria da perseguição nos próximos tempos, arremessando as farpas ao mais odiado rival.
Trata-se de algo que só é possível dado o desproporcionado espaço mediático o Sporting ocupa na comunicação social – tendo menos de 20% dos adeptos, dispõe de mais de 33% do espaço de opinião televisivo, e de redacções inteiras que lhe são simpáticas - para além de uma clara preponderância em franjas do poder económico que lhe permitem amplificar extraordinariamente a sua voz, com sondagens a sugerir a repetição do jogo (!?!), com aberturas de telejornal, com, enfim, todo um desfilar de declarações de pessoas “muito importantes”, que do alto da sua bem falante influência se esmeram a teorizar sobre algo que, pela sua aleatoriedade, no fundo lhes escapa, tão habituados que estão a toda a espécie de privilégios dentro e fora do futebol.
Trata-se de algo a que o Benfica e os seus adeptos não têm conseguido reagir com a energia devida, nem sempre percebendo que, mesmo com 60% dos adeptos, não conseguem dispor de mais de 33% do espaço mediático (as bombásticas capas de jornal de nada servem, e por vezes só desestabilizam), vendo-se sistematicamente em clara e penosa minoria, dado o matemático alinhamento de F.C.Porto e Sporting sempre que estão em causa questões polémicas que, de algum modo, o podem beliscar.
Se a Taça da Liga ficou decidida no sábado, o segundo lugar do campeonato terá ficado decidido no domingo e na segunda-feira. Esse sim é o verdadeiro problema. Essa sim foi a grande vitória que o Sporting conseguiu neste fim-de-semana. A sua estratégia terá por isso resultado em pleno.

PS: No meio de toda esta fanfarra, custa-me ver benfiquistas embarcados nas lanchas da mistificação, como que receando assumir a conquista de um troféu que, jogando bem ou mal, foi conquistado nos penáltis, com as defesas de Quim e com os remates de Cardozo, David Luíz e Carlos Martins. Custa-me que sejam os próprios adeptos do Benfica a não perceber o que está em causa, deixando-se levar em cantos de sereia que os vão adormecendo e neutralizando.
Quando os benfiquistas forem capazes de reconhecer a sua própria força, nada mais será como antes. Enquanto isso não suceder haverá alguém a rir-se, e todos nós sabemos bem quem é.

A TAÇA DA LIGA VISTA DE FORA

"El Benfica ganó logró la segunda edición de la Copa de la Liga portuguesa al derrotar en los penaltis al Sporting en un reñido encuentro en el que los dos equipos intentaban salir de sus respectivas malas rachas.
La victoria de los hombres de Quique Sánchez Flores dio un respiro al técnico madrileño, que había sido blanco de fuertes críticas por el mediocre desempeño del equipo en su primera temporada.
El derbi entre los dos equipos lisboetas se disputó en el Estadio Algarve de Faro, en la costa sur de Portugal, un mes después de que se enfrentarán en otro partido de liga, que ganó Sporting por 3-2.
Este conjunto capitalino, que fue eliminado de la Champions este mes después de que el Bayern le encajara siete goles, no ha logrado acercarse al Oporto en el campeonato de liga y su entrenador, Paulo Bento, estaba tan presionado como Flores para conseguir una victoria.
Pereirinha adelantó al Sporting y Reyes logró el empate
Pero tras tener el partido en la mano gracias al gol que marcó en el minuto 48 Pereirinha, su fortuna se acabó cuando José Antonio Reyes consiguió de penalti el empate en el minuto 75.
Pese a que los dos equipos se afanaron en mover el marcador tuvieron que ir a la serie de penaltis para decir el campeón y el Benfica se impuso tras lograr tres tantos y el Sporting solamente dos.
La victoria de este sábado hizo delirar a los seguidores del Benfica, que superó por fin una mala racha cuyo último episodio fue el domingo pasado, cuando perdió en el estadio de la Luz ante un equipo de segunda fila, el Guimaraes.
Por su parte, el Sporting se fue con el mal sabor de perder de nuevo la final de la Copa de la Liga, creada el año pasado y cuya primera edición se le escapó de las manos al caer derrotado por el Vitoria de Setúbal también a los penaltis.
El técnico Paulo Bento había declarado a la prensa antes del partido que los perdedores de este derbi iban a ser "masacrados" por la afición, cuyo visible malhumor en el Algarve tras la derrota parecía darle la razón"
A MARCA

UM ESTÁDIO TALISMÃ

Três fotos, três datas, três troféus. Os três últimos títulos do Benfica passaram pelo Algarve. Curiosamente todos eles com este vosso amigo nas bancadas.

SUGESTÃO AOS BENFIQUISTAS

Não oiçam nem leiam mais nada sobre as incidências este jogo. Deixemo-los a falar sozinhos.
À hora dos "Dias Seguintes", dos "Bolas Redondas" e dos "Prolongamentos", bebam uma Carslberg fresquinha e saboreiem a doce conquista deste importante troféu. Se puderem, revejam o jogo - em particular os penáltis e a festa da vitória - ao som de uma boa música.
Por mais que tentem, não nos vão roubar a alegria do triunfo.
VIVA O BENFICA, GRANDE VENCEDOR DA II TAÇA DA LIGA !!!

O ERRO

Um leitor exigiu-me um post a pedir a recusa da Taça da Liga, em virtude do erro cometido por Lucílio Baptista na final algarvia.
Prometo desde já que o farei, caso sejam cumpridas as seguintes condições:
1- Que sejam devolvidos ao Benfica os três pontos do jogo do Estádio do Dragão de há algumas semanas atrás, bem como os pontos perdidos nos jogos com o Nacional e com o Belenenses.
2- Que seja garantida ao Benfica a presença na próxima Liga dos Campeões como forma de compensar o segundo lugar perdido pela arbitragem de Lucílio Baptista no Bessa na época transacta.
3- Que seja repetida a última final da Taça de Portugal , mas agora entre Benfica e F.C.Porto, ressarcindo assim os encarnados dos dois penáltis que Jorge Sousa não viu em Alvalade no jogo do 5-3.
4- Que sejam retirados ao Sporting os pontos que conquistou nesta temporada fruto de erros dos árbitros, nomeadamente as vitórias em Braga (penalti sobre Meyong), na Figueira da Foz (penálti sobre Marcelinho) e o empate na Choupana (penálti de Rui Patrício).
5- Que seja retirado ao Sporting o título nacional de 2001-02 (o dos 17 penáltis de Jardel).
6- Que seja retirado o título europeu de 2003-04 ao FC Porto, em virtude do golo mal anulado a Scholes nos quartos-de-final em Old Trafford.
7- Que sejam devolvidos ao Benfica os títulos nacionais de 1989-90, 1991-92, 1992-93 e 1997-98, todos eles manchados por gravíssimos erros de arbitragem em prejuízo do clube da Luz.
8- Que sejam repetidos os quartos-de-final da Liga dos Campeões 2006, e da Taça Uefa 2007, em que ficaram penáltis por marcar a favor do Benfica, respectivamente contra Barcelona e Espanyol.
9- Que o Juventude de Évora suba retroactivamente à I divisão, pois em 1978 foi impedido de o fazer - seria único na sua história - com um golo sofrido em fora-de-jogo num jogo da então liguilha de promoção em Viseu.
10- Que, em nome da justiça absoluta, sejam retirados os títulos mundiais de 1978 e 1986 à Argentina, o de 1966 à Inglaterra, o de 1990 à Alemanha e o de 2006 à Itália, que seja eliminada a prestação de Portugal no Euro 84, que a Liga dos Campeões desta época se reinicie com o V.Guimarães em vez do Basileia, que sejam retiradas, entre outras, as Ligas dos Campeões ao Liverpool (2005) e Juventus (1983), cujas finais foram marcadas por claros erros de arbitragem.

PS1: "Que existe mão é um facto, resta saber se é intencional!" - Repórter Nuno Luz da SIC, antes de ser exibida qualquer repetição.
PS2: "Por aqui não dá para ver" - Comentador José Augusto Marques da SIC, após ser exibida a primeira repetição.

PS3: "Não me lixem!" - LF após observar toda a mistificação criada em redor de uma arbitragem igual a tantas outras.

PROVAVELMENTE, O MOMENTO MAIS SABOROSO DO ANO

Após uma noite de emoções fortes, o Benfica conseguiu regressar aos títulos, levantando finalmente um troféu após três anos e meio de jejum, e devolvendo assim alguma tranquilidade ao plantel, à equipa técnica e à sua generosa massa adepta – que ontem deu mais uma demonstração de grande fidelidade, preenchendo dois terços do estádio do Algarve.
Numa final entre duas equipas tão equilibradas, é difícil falar em merecimentos. Por vezes um dos contendores superioriza-se, noutras ocasiões (a maioria) é o equilíbrio a ditar as leis. Na noite algarvia Benfica e Sporting equivaleram-se em futebol jogado e em oportunidades de golo, sendo a decisão por penáltis a mais óbvia dado o que se vira ao longo dos noventa minutos.
A constituição da equipa do Benfica foi de algum modo surpreendente, mas logo nos primeiros instantes se percebeu que às alterações de nomes não correspondia uma transformação táctica significativa. Aimar fazia de Reyes, Reyes fazia de Amorim, Amorim fazia de Yebda, e Nuno Gomes fazia de Aimar. O mesmo sistema, o mesmo modelo, os mesmos problemas, aqui e ali disfarçados, como quase sempre, pela capacidade individual dos intérpretes.
Logo aos quatro minutos, Nuno Gomes podia ter colocado a equipa da Luz em vantagem. Ainda na primeira parte seria David Luíz a negar o golo a Liedson, após saída mal calculada de Quim. Um ou outro remate perigoso (Reyes, Maxi, Vukcevic), e pouco mais havia para contar ao intervalo. O zero a zero era então o retrato fiel do que se passara em campo. Estávamos perante um jogo assim-assim, com mais vontade do que qualidade, com faltas sucessivas, sem grandes requintes técnicos, o que é bastante comum nas mais grandes finais, onde pouco se arrisca e o medo de perder suplanta a ambição de ganhar.
A segunda parte começou com o golo do Sporting. Entre duas equipas com os nervos em franja e navegando nas águas da crise, quem sofresse o primeiro golo teria certamente muitas dificuldades em dar a volta aos acontecimentos. Seguiram-se pois, com naturalidade, momentos de algum desnorte benfiquista, e de uma maior clarividência leonina. Esperava-se o segundo golo do Sporting, mas o que é certo é que, pouco a pouco, sobretudo através de lances de bola parada, o Benfica foi reequilibrando a partida. Num desses momentos Miguel Vítor cabeceou à trave, naquela que terá sido a maior oportunidade de golo de toda a segunda parte.
A um quarto de hora do fim surgiu o momento mais polémico do jogo, quando Lucílio Baptista, iludido pelo movimento de Pedro Silva, assinalou o penálti que Reyes não desperdiçou. Com a igualdade restabelecida, e o Sporting reduzido a dez unidades, as coisas inverteram-se – os leões praticamente prescindiram de atacar, e foi o Benfica a procurar mais a vitória, sem contudo construir grandes oportunidades para marcar.
Soou o apito final, e a decisão por grandes penalidades acabou por sorrir à equipa que teve mais sorte e mais mérito. Depois de estar em desvantagem Quim emergiu como o homem da noite, defendendo três penáltis e garantindo a conquista de um troféu para este Benfica 2008-09.
Muito se vai falar de Lucílio Baptista nos próximos dias - muito mais, certamente, do que se tivesse sido o Sporting o prejudicado. O árbitro setubalense errou no lance do penálti, como errara alguns minutos antes ao não expulsar Anderson Polga com o segundo cartão amarelo (e ninguém sabe o que seria a última meia hora de jogo com o Benfica em vantagem numérica).
Não poderei deixar de dizer que no estádio, mesmo situando-me no perfeito enfiamento do lance, não tive, naquele momento, qualquer certeza de não ter havido penálti, tal como certezas não tiveram dois sportinguistas que estavam na fila acima de mim, que só depois de uma troca de SMS se manifestaram. Desafio pois os adeptos do Sporting a reflectirem um pouco, e pensarem se tinham alguma certeza definitiva sobre o lance antes de ver as repetições.
O futebol televisivo tem destas coisas, e quando se está numa final entre rivais, um erro igual a tantos que, semana a semana, ocorrem nos relvados do nosso país, transforma-se num assunto de estado. Sendo o Benfica o beneficiado, maior é a amplitude do caso, esquecendo todos, por exemplo, que foi este mesmo árbitro a colocar o Sporting na Liga dos Campeões deste ano com uma arbitragem deplorável – essa sim, com uma sucessão de erros para o mesmo lado – num tristemente célebre Boavista-Benfica. Estou à vontade sobre isto, pois ainda no último FC Porto-Benfica fui o primeiro a recusar a crucificação de Pedro Proença, após um penálti não menos escandaloso que este, e que poderia ter dado outro andamento ao campeonato, prova que todos sabemos ser mais importante que esta.
Ouvindo as reacções do lado do Sporting não posso também deixar de lembrar a história de Pedro e o Lobo. Em Alvalade reclamam-se penáltis a qualquer queda de um jogador do Sporting, queimam-se árbitros a propósito de qualquer falta a meio-campo mal assinalada, cria-se, enfim, uma onda de suspeição que não se entende quando depois se vê o presidente Soares Franco sentado ao lado de um condenado por corrupção desportiva. Agora, perdendo uma final com influência de um erro do árbitro, a sua voz soa a gasta.
Mas o que fica desta final é, sobretudo, um saboroso título para o Benfica, e uma noite de festa que nenhuma polémica poderá alguma vez vir a apagar.

EQUIPAS PROVÁVEIS

Se fosse eu a fazer a equipa do Benfica, tiraria o Yebda ou o Reyes, faria um losango a meio-campo, e incluiria o Suazo (ou Nuno Gomes) no ataque. Esta é pois a equipa que considero provável, e não a que eu escolheria.
Favoritos? Obviamente não há !
PS: Uma vez que me desloco já hoje para o Algarve, e que passarei por lá todo o fim-de-semana, a crónica da final só estará disponível no domingo à noite, ou segunda-feira de manhã.

CONTRA DOZE !

Se de entre o lote de árbitros da Liga eu tivesse de escolher um para a final de amanhã, o último seria, seguramente, Lucílio Baptista.
Há vários juizes cujo histórico inclui claros prejuízos ao Benfica. Mas se existe um que, paralelamente a isso, apresenta um palmarés de gritantes e reiteradas ajudas ao Sporting, esse é o juiz setubalense.
Nos últimos oito jogos do Benfica que Lucílio Baptista apitou, só por uma vez os encarnados venceram (justamente frente ao Leixões, há poucas semanas atrás)! É ele também o árbitro que mais penaltis assinalou contra o Benfica, e que mais assinalou a favor do Sporting. A proporção é dramaticamente reveladora: 5 a favor e 6 contra as águias, 9-2 nos jogos dos leões (!?!) O número de expulsões é também espantoso: Lucílio expulsou 8 jogadores do Benfica e 5 adversários, enquanto que apenas mostrou 3 cartões vermelhos a sportinguistas, expulsando 11 (!!) jogadores de equipas adversárias. Foi Lucílio Baptista que, por exemplo, pôs o Sporting na Liga dos Campeões deste ano, com aquela arbitragem fantasmagórica que protagonizou no Bessa em Abril passado.
Pode-se ver por aqui, e por aqui, e por aqui, e por aqui, e por aqui do que este homem é capaz para proteger o seu clube do coração. É ele que Vítor Pereira - emblema de ouro do Sporting - escolheu para a final da única prova que os dois rivais têm condições para vencer.

DETALHE FATAL


A eliminação do Sp.Braga da Taça UEFA deixou um sabor amargo na boca dos seus adeptos e dos portugueses em geral. Perder em casa, com um golo oferecido a poucos minutos do fim, é uma forma dura de sair da prova e de acordar do sonho em que o clube e a cidade haviam decerto mergulhado.
Tinha aqui escrito, aquando da primeira mão, que o empate a zero era um resultado falso e perigoso. Efectivamente, a um nível elevado e entre equipas equilibradas, não marcar golos fora de casa impede desde logo de arriscar demasiado na segunda mão – um erro pode ser fatal, e foi-o -, ao mesmo tempo que obriga a vencer, e o Sp.Braga ontem viveu precisamente nesse dilema.
A equipa minhota jogou bem, mostrou um futebol plasticamente mais conseguido que os franceses, mas acabou traída por um detalhe, depois de durante algum tempo parecer ter hesitado entre assumir a busca do golo da vitória ou, pelo contrário, resguardar-se e esperar por um erro do adversário. Foi paradoxalmente um erro grave do guarda-redes recentemente promovido a titular da selecção nacional que ditou o desfecho do jogo e da eliminatória, permitindo à equipa mais madura e mais experiente seguir para os quartos-de-final.
O Sp.Braga sai de cabeça erguida. Fez mais nesta competição do que se lhe pedia, e ganhou experiência para as épocas vindouras. Talvez tenha comprometido, com esta presença europeia, as hipóteses que tinha de se colar aos três grandes na prova doméstica, mas, embora sem ser adepto do clube, julgo ter valido a pena.

UMA TAÇA, UMA CONQUISTA

A crise desportiva em que Benfica e Sporting mergulharam nas últimas semanas tem, aparentemente, retirado algum entusiasmo à final que este sábado se disputa no Algarve. Prova disso é que, a pouco mais de 48 horas do jogo, a bilheteira ainda não se encontra esgotada, o que noutro contexto seria impensável, quer por se tratar de uma final, quer por estarem frente a frente os dois maiores e mais tradicionais rivais do desporto português.
Se os leões foram humilhantemente derrotados na Europa, os encarnados têm deixado muito a desejar nas exibições domésticas. Ambos têm visto as suas estruturas técnicas e directivas serem objecto de contestação pelos respectivos adeptos, e a generalidade da opinião pública olha para este jogo como uma forma de dissiparem as crises que os atormentam.
Esta realidade, paralelamente às questões de poder que levaram o FC Porto a abdicar da competição, tem contribuído para acentuar a ideia de a Taça da Liga ser uma prova menor, e que nem mesmo a sua conquista poderá servir para aliviar dores de uns e outros.
Ora este ponto de vista não faz o menor sentido.
No desporto, qualquer competição de qualquer modalidade vale por si só. Uma conquista ou um troféu, são motivos suficientes para qualquer clube festejar, extraindo deles a alegria que é a razão de ser da paixão desportiva. Há competições mais difíceis de vencer que outras, há troféus com maior prestígio, mas qualquer prova oficial encerra em si os sabores de quem ganha e de quem perde. Hoje em dia, com a mediatização extrema a que o futebol está sujeito, insiste-se em estabelecer uma hierarquia fechada de competições, que nos leva a um absurdo código segundo o qual quase não nos é permitido festejar coisa nenhuma –, seja uma Taça de Portugal, seja uma Taça da Liga, seja uma Supertaça, seja mesmo uma boa presença europeia, ou um Campeonato Nacional, quando não é ganho segundo os padrões que os mais exigentes adeptos colocam, para não falar de todas as provas de todas as restantes modalidades. Tudo é consolação, tudo é compensação, nada vale nada, mesmo quando estamos diante de uma competição oficial que envolveu todos os clubes do futebol profissional, e - apenas com uma excepção - por todos foi levada com a maior seriedade.
A Taça da Liga é uma competição recente, como todas as outras já o foram – do Mundial de 1930 à Taça dos Campeões Europeus de 1956. Cada prova, antes de ganhar o seu próprio espaço, passa por um trajecto de afirmação natural, o que não significa que não tenha condições para escrever a sua história futura. Estou certo de que esta Taça da Liga o vai fazer e que, dentro de alguns anos, os que agora a desconsideram se irão arrepender de não ter feito mais por a ganhar. E isto vale também para o Benfica, que na temporada passada a disputou com as reservas, e que durante anos deixou voar Supertaças para o norte.
Deste modo, uma vitória na Taça da Liga pode e deve ser um momento de euforia para quem a alcançar, e nunca um mero e tristonho factor de consolação – até porque o campeonato ainda nem terminou. Benfica ou Sporting, e seus adeptos, devem ser os primeiros a valoriza-la, saindo para a rua, festejando, fazendo dela – quem a conseguir – uma grande conquista. Só assim fazem sentido o futebol e o desporto, pois qualquer outra forma de os entendermos tem o seu quê de doentio e de perverso.
Sempre me incomodou a expressão “salvar a época”. Cheguei a ouvi-la aplicada à Taça UEFA - quando o Sporting chegou à final, num momento único na sua história - o que me pareceu tratar-se de um total absurdo, próprio de um povo mais dado à auto-flagelação do que a euforias e felizes festividades.
Esta Taça da Liga não vai salvar nem consolar ninguém. Vai sim ser um triunfo absoluto para uns, e mais uma frustração para outros. E não tenhamos dúvidas de que quem a perder vai sofrer o impacto mediático de uma estrondosa derrota, e por aí se poderá então perceber o quão importante ela é. Se a vida e a crise nos mostram má cara, porquê fazermos do futebol um espaço de lamento e depressão, mesmo quando ele tem tudo (uma final, um troféu) para nos oferecer emoções e, quem sabe, fazer-nos felizes?
Por mim - que irei propositadamente ao Algarve para assistir ao jogo -, se for o capitão do meu clube a levantar a taça, sentir-me-ei um vencedor. E nem admito que alguém o ponha em causa. Mais do que um consolo, a Taça da Liga é, para já, o regresso do Benfica às grandes finais, e pode ser, também, o regresso aos títulos. O resto é conversa de quem já foi eliminado.

A ESCOLHA DE QUEIROZ

Guarda-Redes:Daniel Fernandes (VFL Bochum 1848) Eduardo (SC Braga) Beto (Leixões SC)
Defesas:Bruno Alves (FC Porto) Gonçalo Brandão (AC Siena) Pepe (Real Madrid) Ricardo Carvalho (Chelsea FC) Nélson (Bétis Sevilha) Bosingwa (Chelsea FC) Rolando (FC Porto)
Médios:Deco (Chelsea FC) João Moutinho (Sporting CP) Maniche (Atletico Madrid) Raúl Meireles (FC Porto) Duda (Málaga CF) Tiago (Juventus FC)
Avançados:Danny (FC Zenit) Simão (Atlético Madrid) Hugo Almeida (Werder Bremen) Nani (Manchester Utd) Cristiano Ronaldo (Manchester Utd)
PS: Dada a importância do jogo, não irei fazer por agora qualquer comentário à convocatória.
Apesar de não concordar, nem perceber muitas das opções, estes são os jogadores da MINHA selecção, e estarei incondicionalmente com a equipa portuguesa na decisiva partida com a Suécia.
Espero que o resultado não me permita dizer depois tudo aquilo que penso.

...AGORA EM FOTOS

SÓCIOS


INFRAESTRUTURAS

OLIMPISMO
ALTA COMPETIÇÃO

FORMAÇÃO

ECLETISMO



COMUNICAÇÃO





...E EM NÚMEROS
25 modalidades
120 competições
Milhares de atletas
O maior estádio português
Dois pavilhões desportivos
Um complexo de piscinas
O mais moderno centro de estágio
Um jornal, uma revista e um canal TV
Mais de 150 mil sócios
6 milhões de adeptos
Mais de 200 casas e núcleos em todo o Mundo
31 títulos nacionais de futebol
27 Taças de Portugal de futebol
2 títulos europeus de futebol
7 finais da Taça dos Campeões Europeus
Centenas de títulos nacionais em várias modalidades
Qual é afinal a importância de perder 0-1 com o V.Guimarães num jogo de futebol ?