VELHOS HÁBITOS

Não fui à Luz, e depois de uma tarde televisiva de emoções fortes com o Andebol (vitória) e com o Hóquei em Patins (derrota), o jogo de futebol com o Marítimo, de uma competição cujos primeiros lugares considero entregues, mais não foi do que um tranquilo meio para descomprimir os nervos. Sobretudo depois de uma primeira parte que o Benfica dominou claramente, e ao longo da qual marcou os golos suficientes para resolver qualquer jogo normal.
Quando Óscar Cardozo, dando sequência a uma excelente série de boas exibições e vários golos, colocou o marcador em 3-0, pensou-se que o Benfica partiria para uma vitória tranquila, à semelhança do que havia feito no Bonfim uma semana antes, ou até para uma goleada maior, como tinha conseguido no Funchal ainda na primeira volta. Mas como os maus hábitos são difíceis de perder, o jogo acabou em sofrimento, tal como foi comum acontecer ao longo de quase toda a temporada. No final da partida registava-se a 11ª vitória tangencial dos encarnados no campeonato, o que presumo ser um número recorde.
A primeira parte do Benfica foi bastante agradável, evidenciando o acerto das últimas opções de Quique Flores. A dupla Carlos Martins-Ruben Amorim parece funcionar melhor do que a utilizada na maior parte da época (Katsouranis-Yebda), o deslocamento de Reyes para o flanco direito também tem resultado, e a dupla atacante faz chorar pelo período em que tanto Cardozo como Nuno Gomes andavam perdidos no banco de suplentes. Para grande parte dos jogos do nosso campeonato, esta parece ser uma fórmula acertada, mas tenho todavia algumas dúvidas que se revele eficaz diante de adversários mais poderosos do que V.Setúbal e Marítimo – Reyes e Aimar não defendem (e se o espanhol é eficaz nas acções ofensivas, o argentino passa completamente ao lado dos jogos), Carlos Martins pouco o faz, e sem bola a equipa fica à mercê das acções contrárias. Seja como for, estas opções mostraram uma maior flexibilidade da parte do técnico encarnado, que parece começar enfim a perceber com que linhas se pode coser o Benfica num futebol português amplamente diferente do espanhol.
Após o intervalo o Benfica adormeceu, achou que tudo estaria resolvido, e deu ao Marítimo a hipótese de se recolocar na disputa dos pontos. O penálti assinalado, com muito tempo ainda pela frente, transformou as equipas e o jogo. O Marítimo ganhou confiança, o Benfica perdeu-a. Mas verdade seja dita, os insulares também não criaram, a partir daí, grandes oportunidades para marcar.
Tudo acabou em bem para o Benfica, que deu mais um passo para segurar o terceiro lugar, objectivo que poderá ficar definitivamente selado no próximo fim-de-semana, caso pontue na Choupana.
Quanto ao segundo lugar, as contas estão feitas. Nem Sporting, nem F.C.Porto, vão perder mais do que dois ou três pontos nas quatro jornadas que restam, nem provavelmente o Benfica será capaz de ganhar os dois jogos fora de casa que tem por disputar, na Madeira e em Braga, frente ao 4º e ao 5º classificados respectivamente. Tal como já aqui tinha dito aquando das derrotas com o V.Guimarães e com a Académica, os verdadeiros candidatos aos primeiros lugares não perdem pontos na ponta final da prova contra equipas inferiores - Porto e Sporting, nas últimas nove jornadas, apenas empataram entre si, ganhando todos os outros jogos, como se vê na figura abaixo.
São estas as características do campeonato português, onde o desequilíbrio entre os candidatos ao título e os clubes restantes é grande, e nas fases adiantadas revela-se ainda maior, pois enquanto as lesões e os castigos (além do mercado de Janeiro) vão dizimando os plantéis mais curtos e modestos, os grandes emblemas readquirem frescura e concentração à medida que vão sendo afastados do desgaste das provas internacionais. É isto que Quique Flores estará a aprender agora, pois se estas sequências de dragões e leões não surpreendem nenhum adepto português, creio que a ele o estarão a surpreender bastante.

13 comentários:

Anónimo disse...

Bom Dia Luis Fialho e restantes visitantes do blogue.

Muito obrigado pelo seu Post e pela possibilidade que nós dá de conversarmos on-line sobre futebol e o nosso clube

As emoções foram fortes, este fim de semana. Porque não mencionou a vitória no basquetebol sobre o Porto?. Quanto ao hóquei, não é assim tão mau falta outro jogo e só perdemos por um golo.

No seu post e sobre o futebol, estou de acordo em algumas coisas em outras não. O Benfica fez uma óptima primeira parte. Na realidade Cardozo, está muito bem, seis golos em quatro jogos, incluindo o da Académica, onde não ganhamos porque o arbitro não deixou.

Mas quanto ao jogo com o Marítimo, devia ter ido à Luz , Luís Fialho,, o que se passa é que as equipas perderam o respeito na Luz, porque sabem que nada lhes acontece se fizerem algum mal aos jogadores do Benfica. A fífia do D’jalma se fosse com o Porto o arbitro não marcava penalty. È muito duvidosa a grande penalidade e D’jalma já sabia que poderia influenciar o resultado, que nada lhe acontecia.

A arbitragem de Rui Costa foi vergonhosa, mesmo à minha frente o Reyes deu um pontapé na Bola e o arbitro marca falta EU VI. O Quique tem razão, quando se interroga como é que a equipa que tem mais posse de bola pode ter mais faltas.

O grande erro do Benfica de 2008/2009 foi a ilusão Suazo. Ele não jogava nada porque estava de férias em Portugal. Ele, sim, é que eu considero um jogador aburguesado.

O importante é que a Direcção não se deixe influenciar pelos maus resultados, esporádicos que fazem por vezes a diferença.

O Mourinho perdeu ontem com o Nápoles para o campeonato , perdeu a taça italiana, perdeu a taça dos campeões, qual a diferença entre o Inter de Mourinho e o Inter de Roberto Mancini, em termos de objectivos alcançados.

Parece-me que o Benfica está a aprender a lição, a estabilidade é uma arma do sucesso

Saudações Benfiquistas

Vitória do Benfica disse...

O anónimo anterior que diz Bom dia luis Fialho e restantes visitantes do blogue, sou eu a Vitória do Benfica. Mas por lapso carreguei na tecla do anónimo.
Peço desxulpa

Hugo disse...

Eu diria que essa diferença vai aumentando essencialmente devido ao mercado de Janeiro, onde equipas modestas da Roménia ou do Chipre vêm pescar trutas por valores ridículos

Peter disse...

Sim foi uma vitória sofrível, e tem razão o Reyes o Aimar e o Dí Maria tem que ajudar os laterais senão os seus corredores são autênticos passadores. Pela positiva gostei do Reyes (a atacar)o Cardozo o Nuno Gomes e o Maxi (apesar do penalty).Mas para mim a exibição que mais apreciei foi a do Miguel Vítor, imperial nos cortes e no posicionamento e ainda demonstrou uma faceta que ainda não se conhecia, sair a jogar com classe desiquilibrando no processo ofensivo.A jogada do 2º golo (a melhor do jogo)iniciada por si é bem o exemplo disso.Quanto á arbitragem embora o penalty na minha opinião seja bem marcado, houve um bom número de lances em que o árbitro em caso de dúvida marcava sempre contra o Benfica, vários cantos,lançamentos de linha lateral ficaram por marcar a nosso favor.O penalty é justíssimo mas falta mais descarada sofreu o Reyes á entrada da área naquela jogada que ele se desevencilhou de 2 jogadores do marítimo no meio deles e aí não marcou nada.Cartões amarelos só para os jogadores do Benfica para os do marítimo em situações idênticas nada.Boa resposta do público a este tipo de situações.

LF disse...

Vitória,

Nem precisava de ter esclarecido. A forma como inicia os seus comentários é única e inconfundível.

Não mencionei o Basquete porque era um jogo praticamente a feijões, e embora a hipótese de terminar a fase regular só com vitórias fosse um aliciante, até lhe digo que nem sei qual resultado teria sido melhor.
Ao remetermos o Porto para o oitavo lugar, vamos apanhar com eles no play-off, agora que recuperaram os jogadores lesionados que tinham.
Não tenho medo, mas era melhor jogar com o Barreirense ou com a Académica.


Quanto ao futebol, estou convencido de que o Suazo foi um erro de casting (e julgo ter sido dos primeiros a notar que ele não marcava golos), mas honestamente não creio ter-se tratado de falta de profissionalismo.

É um jogador talhado para o contra-ataque, que fez bons jogos diante de equipas mais ofensivas.
Para o campeonato português não dá.

LF disse...

Hugo,

O caso mais gritante foi o Leixões, que viu sair o seu melhor jogador (Wesley), nem sei bem para onde, e a partir daí desmoronou-se por completo.
O que lhe vale é que os pontos eram já muitos...

LF disse...

Peter,

Concordo com quase tudo.

Só em relação ao Miguel Vítor tenho ainda algumas reticências.

Simpatizo com ele, parece bom miúdo, tem talento.
Falta-lhe contudo alguma agressividade.

Precisa de algum tempo mais para se afirmar. Ainda está longe de ser uma estrela.

Peter disse...

Certo LF mas ontem já parecia uma.

Brytto disse...

O Miguel Victor, em minha opinião e espero que me engane, nunca será um grande central, falta-lhe muita coisa, até compleição fisica, é um central na linha de um ... Paulo Madeira.

Quanto ao Aimar, é um autêntico erro de casting, como é possível ainda ser titular neste momento?!!!!

Não esquecer que Suazo esteve quase sempre lesionado, estou ainda convicto que é um grande. Faltou-lhe regularidade, estabilidade, talvez ambição, mas acima de tudo, de equipa que fosse capaz de jogar para ele...

Anónimo disse...

O penalty é vergonhoso! Nem lhe tocou! E era fora da área!

Silva Barqueiro disse...

Dona Vitoria,

Agradeço o elogio do romancismo, pois creio que não estivesse a ser irónica. No entanto, tenho a dizer que quando falei da Juve e do Milan queria apenas mostrar que estava errada quando disse que o Porto nesses campeonatos teria sido banido do futebol... Queria mostrar que esses clubes sofreram +/- as mesmas acusações e não foram banidos como a senhora disse. Foi apenas um exemplo para demonstrar a falaciosidade do seu raciocínio.
E diz que ao Porto nada acontece? Então não foi punido com 6 pontos? Pode ser uma pena leve aos vossos olhos, mas o certo é que foi punido.

Ruben disse...

Olá a todos.

Sou leitor assíduo deste blog mas deixo hoje o meu primeiro comentário.

Primeiro, realço o muito que me agrada ler comentários sobre o assunto discutido,e não o tipico comentário anti-benfica onde apenas o que interessa é contrariar o que se escreve de bom do nosso clube.
Adiante...

Fui ver o nosso Benfica ao estádio, e como foi dito, grande primeira parte. Para o que se passou na 2ª parte encontro três explicações...1ª, a substituição Di Maria Aimar. O Aimar ate podia nao estar a jogar muito mas é aquele jogador referencia onde a bola passa sempre pelos pés e com ele a descair um pouco para o meio a partir da ala esquerda, conseguimos por vezes construir um triângulo que contribui para as boas jogadas que vimos, tendo um Reyes e um Maxi a muito bom nível na ala direita.

2ª- o desacerto de Di Maria...por vezes parece que não tem estofo para isto de jogar futebol...chuta quando devia passar, passa quando devia chutar, não levanta a cabeça quando faz cruzamentos...enfim, espero que melhores dias cheguem.

3ª...Como é que uma pessoa com o nome Rui Costa consegue estar tão mal no estádio da luz?! Como já foi referido, alem das faltas mal assinaladas,ia ao cúmulo de até se equivocar nos lançamentos. Poderia-se dizer que foi uma arbitragem habilidosa como se diz em muitos sítios, mas acredito que é apenas falta de competência...

Outra coisa que reparo, e que acho que deveria ser de forma diferente é a pouca pressão colocada na equipa de arbitragem quer pelo capitão de equipa quer pelo treinador. O publico esteve 5 estrelas a apoiar a equipa e a mostrar o seu desagrado com o trabalho do árbitro.

Saudações

Anónimo disse...

Que estão a dizer?
O M. Vitor fez um grande jogo, esteve em todas!