EMOÇÃO, FUTEBOL E GOLOS

Depois de um início pouco prometedor, o Mundial 2010 tem vindo a mostrar grandes momentos de futebol, repletos de emoção, dramatismo e belos golos. A meia-final entre Holanda e Uruguai foi mais um bom exemplo, e se os dois jogos que faltam (a disputa do terceiro lugar pouco conta) confirmarem a tendência deixada pelos oitavos e, sobretudo, pelos quartos-de-final, podemos mesmo estar perante um dos melhores mundiais das últimas décadas.
Os principais responsáveis pelo encanto desta competição são justamente as três equipas que se mantêm em prova, por sinal todas elas europeias. Sobre a Alemanha já aqui falei, a Espanha é aquilo que, infelizmente, bem sabemos, mas a Holanda, orientada por um treinador de quem nunca tinha ouvido falar, está também a revelar-se um caso sério, podendo muito bem ser ela a levantar o troféu no próximo domingo, o que seria absolutamente inédito.
Conduzida em campo pelo inesgotável talento das super-estrelas Sneijder e Robben, com verdadeiros príncipes de honor com a qualidade de Van Persie, Kuyt ou Van Bommel, faltará apenas uma dupla de centrais de maior consistência para estarmos perante uma equipa ao nível das que encantaram o mundo nos anos setenta (com Cruyff, Rep e Rensenbrink), e oitenta (com Gullit, Van Basten e Rijkaard). Esta Holanda não é tão ferozmente atacante como algumas das anteriores, mas, perdendo esse lado romântico (ingénuo?), tornou-se, por outro lado, uma armada muito mais competitiva, que logo nas primeiras partidas deixou excelente impressão. Na fase de qualificação venceu todos (!) os jogos, e nesta fase final...também. Melhor era impossível.
O Uruguai foi esta noite um digno vencido. Lutou com as armas de que dispunha (o querer, a convicção, a determinação e o vigor atlético), e terminou o jogo em cima do adversário, e em busca do seu sonho. A ausência de Luís Suarez fez-se sentir, mas creio que seria demais pedir aos uruguaios que ultrapassassem tão forte Holanda. No fim, seguiu em frente a equipa de maior qualidade individual e colectiva.
Amanhã será o dia daquela a que muitos chamam "final antecipada". A Alemanha, por aquilo que tem mostrado, merece algum favoritismo, mas nesta fase da prova, e com David Villa, Xavi e Iniesta pela frente, será oportuno lembrar que prognósticos certos só se fazem depois dos jogos. Em todo o caso, uma final Holanda-Alemanha, a lembrar Munique há 36 anos atrás, com Robben e Schweinsteiger em vez de Cruyff e Beckembauer - e um outro Muller que, ou me engano muito, ou ainda irá ser melhor que o daquela altura - seria certamente um momento delicioso para quem gosta de futebol. Será ela possível?

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