O MELHOR AMIGO DO LEÃO

O que têm em comum Nuno Santos, Sony, Nogueira, Ivo Pinto, Cardozo, Jorginho, Talocha, Elderson e Wesley ?


Eu respondo: todos eles foram expulsos em jogos contra o Sporting nos últimos dois meses e meio, numa sequência que provavelmente deverá constituir recorde.


De facto, dos últimos treze jogos oficiais do clube de Alvalade, oito (!!) foram concluídos em superioridade numérica. Paços de Ferreira, Rio Ave, Feirense, União de Leiria e Benfica, no Campeonato; Famalicão e Sp.Braga, na Taça de Portugal; e Vaslui na Liga Europa, não puderam dispor de todas as suas unidades para fazer frente ao conjunto de Domingos Paciência, terminando amputados, muitas das vezes de forma injusta.


Por exemplo, nos jogos do Campeonato, das cinco expulsões referidas só a de Vila do Conde terá sido de aceitar, pecando todas as restantes pelo exagero, ou pelo absurdo. Isto torna-se bastante mais gravoso quando ficaram por expulsar vários jogadores do Sporting, alguns deles em lances bastante graves. Jeffren (contra a Olhanense), Onyewu (com o Rio Ave), João Pereira (com o União de Leiria), e Carriço (na Luz), deveriam ter visto o cartão vermelho, sendo que no caso do espanhol e do lateral-direito a expulsão seria directa.


Pelo que aqui fica exposto, e tão proclamada perseguição dos árbitros ao Sporting terá passado à história ainda antes de se iniciar. E, jogando sempre contra dez, é mais fácil embalar uma candidatura ao título, que com arbitragens diferentes provavelmente já se teria esvaziado.


O melhor amigo do leão é pois...encarnado.




PS: Vedeta da Bola sai para o fim-de-semana prolongado, e estará de volta na próxima semana.

O NOSSO SETE, NÃO É BEM A UM

7-1 é a coroa de glória da história do Sporting. 7-1 é também o esmagador balanço dos últimos oito dérbis lisboetas, mas neste caso a favor do Benfica. Acresce que, aqui, o "um" é um simples empate, sendo talvez melhor falar de "sete... a meio". Tendo em conta este panorama (que já justifica cânticos das claques, que não irei reproduzir aqui), é natural que alguém fique furioso.

Como a série começou no tal jogo da Taça da Liga, onde um erro do árbitro (um só erro) deu tanta polémica, aceito que os sportinguistas mais sensíveis não o considerem. A esses, dedico então as últimas seis linhas do quadro, e portanto um simples...seis a zero. É o cliente que escolhe.

O FOGO QUE OS QUEIMA

Como alguém já disse, o incêndio da Luz é o caso mais grave de violência passado num estádio em Portugal, desde que o Euro 2004 proporcionou ao país recintos topo de gama.

A ideia de alguém entrar para uma bancada munido de produtos inflamáveis, com o intuito preconcebido de provocar um incêndio, é algo de assustador. Salvaguardando as distâncias, trata-se de uma espécie de 11 de Setembro do hooliganismo luso. Trata-se de ir até onde nunca ninguém ousara chegar. A agressão aos bombeiros é a cereja no topo de tão amargo bolo.


Este episódio, e o cartão de visita que ele representa para quem o provocou, justificaria até mais do que uma gaiola ou uma jaula. Não era preciso outra coisa para se perceber que o Benfica tinha razão em isolar semelhante gente. E as tentativas do Sporting para agora, em desespero, tentar subverter a ordem das culpas, chegam a ser penosas, quando foram dirigentes seus a acicatar os ânimos dos adeptos contra uma “provocação” que só existiu nas suas obstinadas cabeças.


Qualquer observador minimamente atento percebe quem se saiu mal do caso, e essa vitória deveria ser suficiente para o Benfica agarrar a razão, tal como fez em campo com os três pontos. Perante isto, estivesse eu nos sapatos de Luís Filipe Vieira, a única coisa que faria era entregar o caso à polícia, e apresentar a factura das despesas à direcção leonina. Nem mais uma palavra, nem mais uma linha de comunicado, pois as imagens falam por si e o silêncio seria a banda sonora adequada. Para comentar o caso estaríamos cá nós, adeptos e benfiquistas com voz na comunicação social, resguardando os dirigentes de um combate onde nada mais têm a ganhar.


Uma estratégia de confronto, ou de conflito, nada vai beneficiar o Benfica, que já é vítima da hostilidade extrema de FC Porto, Sp.Braga e outros (para além das relações tensas com a Olivedesportos), situação que não tem paralelo passado ou presente para mais nenhum clube português, e que consome energias necessárias para as batalhas verdadeiramente desportivas. Assusta-me imaginar um Benfica de relações cortadas com toda a gente, pois se o Benfica é maior que todos os outros, não sei se será maior que todos os outros juntos, e unidos contra si.


Há sectores do Sporting (representados neste caso por Paulo Pereira Cristóvão, mas que se estendem a outras figuras) que procuram deliberadamente o confronto com o Benfica, fazendo desse conflito modo de afirmação. À semelhança do caminho percorrido por FC Porto e Sp.Braga, e há quem no Sporting pense que a maioridade competitiva do clube só se alcança hostilizando o rival da Luz. Ora não pode ser o próprio Benfica a fazer-lhes a vontade, dando-lhes mais importância do que a que têm, e escorregando nas cascas de banana que constantemente lhe colocam por diante.


O Benfica não pode ter medo dos conflitos, mas também não deve ter vergonha de os evitar. Sobretudo quando, como neste caso, a sua vantagem, desportiva, moral e institucional, é avassaladora. O silêncio será pois o melhor complemento ao golo de Javi Garcia, deixando que os rivais se queimem sozinhos nas próprias chamas que atearam.

CLASSIFICAÇÃO REAL

BENFICA-SPORTING:

Já me referi à arbitragem de João Capela. Volto a dizer que esteve bem no plano técnico, e mal no disciplinar.

Pecou por excesso na mostragem de cartões. Elias, Cardozo (claramente o primeiro amarelo, e, possivelmente, o segundo), Wolfswinkel e Aimar foram injustamente punidos. Por outro lado, Carriço deveria ter ido para o banho mais cedo.

No lance entre Onyewu e Jardel, quando a bola parte já os jogadores estão no chão. Não fica claro que exista falta, mas se existisse nunca poderia ser passível de grande penalidade, pois a bola não estava em jogo.

Resultado real: 1-0


FC PORTO-SP.BRAGA:

Com um jogo do Benfica em hóquei, e depois com a emocionante penúltima jornada do Brasileirão, não vi praticamente nada do FC Porto-Sp.Braga. Até porque nos jogos entre estas duas equipas já se sabe qual vai ser o resultado, pelo que não vale a pena desperdiçar hora e meia a fazer de palerma em frente da tv.

Pelos resumos, tirando um ou outro fora-de-jogo, uma expulsão poupada a Álvaro Pereira (e logo com um árbitro que até costuma ser exigente), não me apercebi de mais nada com relevo.

Resultado real: 3-2


CLASSIFICAÇÃO REAL

BENFICA 29

FC Porto 27

Sporting 27

CHAMA IMENSA










No rescaldo do jogo de Manchester, fui acusado, aqui e não só, de excessiva exigência para com a equipa, precisamente num momento em que os resultados estimulavam um discurso mais optimista e entusiasta. Aceito algumas dessas críticas (provavelmente exagerei mesmo), e embora muitas das minhas inquietações permaneçam vivas, nada me agrada mais do que ser a própria equipa, com o seu desempenho em campo, a obrigar-me a reconhecer aquele eventual excesso.


Houve, porém, algo que ficou sempre do lado de fora do quadro que tracei, mesmo nas linhas de maior implacabilidade. Falo da capacidade de sofrimento dos jogadores, do seu profissionalismo, da sua entrega, e do rigor com que defendem a camisola que vestem. Pois foi precisamente aí que residiu o âmago desta vitória, a sexta consecutiva sobre o rival lisboeta.


Sabia-se que o Sporting vinha fortemente moralizado, e trazia mais argumentos do que noutras ocasiões do seu passado recente. Isso notou-se desde o primeiro instante, fazendo deste, um dérbi com muito maior disputa e muito maior incerteza do que outros. Tal reequilíbrio trouxe-nos também um jogo de enorme intensidade competitiva (parecia um Benfica-FC Porto), disputado em poucos espaços, e apelando a características que iam para além da capacidade técnica ou táctica dos dois conjuntos. Exigia-se, à partida, um Benfica de luta, de grande coração, e de entrega total. Após a expulsão de Cardozo, essa necessidade foi levada aos limites.


Num desafio à sua coragem, o Benfica saiu-se com distinção. Foi feliz por ter procurado, com uma alma inesgotável, essa mesma felicidade. Triunfou merecidamente, porque soube ser eficaz. Percebendo que não tinha a faca do jogo, soube enrijecer o queijo, tornando-o impenetrável, e alcançando um sucesso que pode ter importância vital no desenrolar do campeonato.
Até ao momento da expulsão, a partida foi equilibrada, com o golo de Javi Garcia a determinar uma diferença tangencial que se aceitava. O Sporting podia ter marcado, o Benfica também dispusera de oportunidades flagrantes (uma das quais nos pés do próprio Cardozo), e tudo se encaminhava para, daí em diante, assistirmos a um natural ascendente territorial leonino em busca do empate, e a uma tentativa do Benfica em explorar os espaços que o adversário iria necessariamente libertar nas suas costas, à imagem e semelhança daquilo que acontece em tantos e tantos jogos de futebol.


Em razão da inferioridade numérica, o Benfica foi forçado a desistir de atacar. Com quase meia hora de jogo pela frente, e uma preciosa vantagem no marcador, os encarnados vestiram o fato de macaco, deram as mãos, e fecharam as portas da baliza de Artur. As substituições foram extraordinariamente criteriosas, dotando a equipa de uma capacidade táctica que lhe permitiria resistir até final. A raça dos jogadores fez o resto. Só esses últimos trinta minutos, com menos um elemento em campo, podem ter deixado a ideia de um ascendente sportinguista que, até então, em bom rigor, nunca se verificou. Em momento algum o Sporting jogou mal, mas só dominou verdadeiramente o jogo quando se viu em vantagem numérica, e mesmo aí, sem criar particular perigo junto da baliza benfiquista (paradoxalmente, as melhores ocasiões até haviam sido desperdiçadas antes).


É a segunda vez consecutiva (a outra foi aquando da última meia-final da Taça da Liga) que vejo os sportinguistas sairem da Luz felizes por perder por poucos, e por conseguir discutir um dérbi até ao fim. Esse estado de espírito é a melhor homenagem que prestam ao rival, ilustrando afinal que o melhor Sporting, que um grande Sporting (e este foi claramente o melhor Sporting que vi nos últimos anos), ainda não chega para um Benfica limitado nas suas unidades e nas suas forças.


Cabe aqui também uma palavra para o público, que soube interpretar o seu papel de décimo segundo (depois décimo primeiro) jogador, dispensando, em momentos cruciais, o apoio de que a equipa necessitava. O sofrimento que se vivia nas bancadas não dava para ondas ou entusiasmos festivos, mas o facto da equipa sentir que os adeptos estavam com ela terá sido crucial, designadamente na fase final do jogo.



No plano individual destacaria naturalmente Javi Garcia (pelo golo, e não só), mas também Witsel, Aimar (enquanto esteve em campo), Artur (pese embora aquela distracção…) e…Jardel. Falo de Jardel porque era, à partida, o elo mais fraco da equipa, mas o certo é que ao longo do jogo não me recordo de nenhuma falha comprometedora. O melhor elogio que se lhe poderá fazer (e até é um jogador de quem não sou propriamente fã) é que ninguém se lembrou de Luisão. Pelo contrário, Emerson deixou uma vez mais a sensação de que precisa, pelo menos, de uma alternativa forte à sua utilização.



Falta falar do árbitro. Se no plano técnico esteve - com um ou outro erro pontual - globalmente bem, nos critérios disciplinares espalhou-se ao comprido. Carriço ficou em campo tempo demais, e Cardozo acabou expulso depois de um primeiro cartão amarelo completamente absurdo, e um segundo que ninguém poderá garantir ter sido bem mostrado. Já o cartão a Aimar é anedótico. Não houve influência no resultado, mas fiquei curioso em saber o que se teria passado caso as expulsões tivessem sido trocadas (como se justificava), e fosse o Sporting a terminar com menos um.



PS: As responsabilidades do incêndio causado pelas claques sportinguistas nas bancadas do Estádio da Luz não podem deixar de ser endereçadas a quem, com atitudes mesquinhas, com declarações inoportunas, e com insinuações ligeiras, lançou a confusão e a polémica sobre medidas de segurança absolutamente normais, cuja necessidade, diga-se, estes mesmos comportamentos agora evidenciaram.
A presença ostensiva de dirigentes do Sporting no local apenas contribuiu para sancionar tais atitudes criminosas, não sendo os comunicados posteriores mais do que uma mera fuga para a frente, num assunto onde sabem ter perdido, uma por uma, todas as razões. Este foi, aliás, um exemplo perfeito de como podem polémicas inúteis induzir actos de violência extremamente graves.
Creio que o Benfica - que nem precisa de denunciar o que se passou, pois toda a gente viu – faz bem em adoptar uma postura de silêncio e distanciamento, deixando a falar sozinhos aqueles que, em bicos de pés, insistem em procurar conflitos, e em atear fogos que, mais do que cadeiras, mais do que o futebol, queimam sobretudo os próprios.

O MEU ONZE

A quem ainda não leu, deixo aqui também as minhas recordações do dérbi eterno.

...E A CONTA JÁ VAI EM CINCO







UMA...




TRÊS...


QUATRO...


CINCO...




...A ZERO!

UMA FALSA QUESTÃO

Desde que foi inaugurado em 2003, assisti a 156 jogos de futebol no novo estádio da Luz. Vi jogos em todos os pisos, em todas as bancadas, no interior de ambas as claques, em vários camarotes e até na tribuna presidencial. Além de futebol, vi 137 partidas das mais diversas modalidades nos dois pavilhões, já estive nas piscinas, nas salas de ténis de mesa e bilhar, fui dezenas de vezes às instalações do jornal e da Benfica TV, estive em diversos gabinetes da SAD, estive nos balneários, nos túneis, na sala de imprensa, em todos os parques de estacionamento, nos bancos de suplentes, e até no relvado, isto para não falar nas compras na “Media Markt”, na “Adidas” ou na loja do Benfica, ou nos jantares da Catedral da Cerveja e Terceiro Anel. Sei por onde entram os adeptos dos clubes adversários, que percurso fazem, que portas utilizam. Sei por onde entram as equipas, onde estacionam os autocarros, como chegam ao balneário, e como entram em campo. Ou seja, conheço tudo aquilo quase como se fosse a minha casa, e embora não seja perito em questões de segurança, sei a história do estádio, e tudo o que pode eventualmente trazer perigos para quem lá vai.


Há algum tempo que se percebe o intuito de o Benfica colocar os adeptos das equipas visitantes no piso 3, e não no piso 0, como tem sido habitual. Existem várias explicações para isso, que vão desde evitar a proximidade de claques adversárias com os jogadores, até à dificuldade que ali existe para as isolar convenientemente dos sócios benfiquistas cujos lugares sejam contíguos, e que nalguns casos até têm entrada pelas mesmas portas (obrigando a cordões policiais desnecessários, em zonas apertadas e sem espaço suficiente para uma acção adequada). Depois de várias experiências em jogos internacionais (lembro-me, assim de repente, do Celtic, do Liverpool e do Manchester United), os responsáveis benfiquistas tentaram, julgo que em 2007-08, colocar também os adeptos do FC Porto no piso superior, evitando os problemas atrás descritos. O resultado foi dramático, com o constante envio de petardos e tochas para os sectores abaixo, onde ficaram famosas as imagens de pais assustadíssimos a saírem com crianças ao colo. O projecto ficou na gaveta.


Recentemente, a exemplo do que se vê em muitos dos estádios estrangeiros que o Benfica visita, surgiu a ideia de, através de uma rede, resolver o problema que esse jogo com o FC Porto expôs, e simultaneamente aqueles que anteriormente se verificavam. Havia que a testar, e não seria obviamente com o Feirense que se poderiam tirar conclusões. O primeiro grande clássico a nível nacional, envolvendo claques e rivalidades, é o “dérbi” do próximo sábado, e será esse, como é óbvio, o momento adequado para estrear a rede.


Se eu estivesse na pele de quem tomou as decisões, provavelmente teria contactado previamente os dirigentes do Sporting, explicando a situação, e ceifando, à partida, qualquer polémica em redor do caso. Se isso não foi feito, ou tentado, residirá aí a minha única crítica à direcção encarnada neste assunto. O resto é, segundo a minha interpretação, pura mistificação, que apenas pretende exacerbar os estímulos da equipa de Domingos Paciência (que não deixará de utilizar o tema) para o jogo.

AS FACES DO PORTO

Não me surpreendeu a vitória do FC Porto na Ucrania. Em primeiro lugar, porque, tal como escrevi após o fim-de-semana, sei o que a casa gasta, e já os vi muitas vezes renascer das cinzas perante situações de grande pressão, sejam quais forem os métodos utilizados. Em segundo lugar porque a facilidade com que o FC Porto vence sistematicamente na Ucrania e na Rússia (países marcados por forte corrupção) chega a ser comovente.

Observemos, por exemplo, o seguinte quadro, que compara as deslocações do FC Porto aos países da ex-União Soviética (terrenos difíceis para quase todas as equipas normais) com as viagens a Inglaterra, onde, por mero efeito pitoresco, englobo também o País de Gales:


Como se vê, a dimensão internacional do FC Porto tem dias e locais marcados. Época europeia que se preze, terá sempre de incluir uma vitoriazita portista (quase sempre decisiva) em Moscovo ou na Ucrania, com mais erro defensivo ou menos erro defensivo a ajudar à festa. Já em Inglaterra, onde os clubes são, por norma, sérios, a coisa complica-se.


Para quem acredite em coincidências, isto não passará de uma curiosidade estatística. Já os que têm um sentido de observação mais apurado, e levam habitualmente a mão no bolso onde têm a carteira para prevenir situações desagradáveis, poderão ver aqui mais um dado que ajude a explicar a força quase sobrenatural da tão afamada "estrutura".


Enfim, tal como o fado, tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é Porto.

NA QUINTA DO REI ARTUR









Em texto anterior ao jogo, tinha pedido sorte para o Benfica na necessariamente difícil missão de Old Trafford.



Se sofrer um golo em fora-de-jogo, e ver o capitão sair lesionado, não se podem considerar propriamente simpatias da fortuna, também é preciso dizer que, em momentos determinantes do jogo - desde logo, os de ambos os seus golos, quando, a bem dizer, nenhum deles se justificava -, a sorte não deixou de acompanhar este Benfica.



É verdade que o futebol tem uma elevadíssima dose de aleatoriedade, e muitas das análises que se lhe fazem são fortemente induzidas pelos resultados. Neste caso, por exemplo, é difícil dissociar um empate extraordinariamente positivo (que além de ter sido obtido onde foi, vale um apuramento que, enquanto benfiquista, me deixa eufórico), e até uma série de jogos sem derrota que começa a impressionar, de uma exibição que teve bons momentos, mas que, a meu ver, nem sempre se adequou àquilo que a ocasião pedia.



Olho para esta partida, e recordo-me de jogos efectuados na temporada passada em Lyon e em Gelsenkirchen, ou na anterior em Anfield Road, e vejo uma matriz que, naturalmente, só pode ter a ver com uma certa ideologia do treinador. Em todos esses momentos, o Benfica assumiu uma espécie de roleta russa táctica, que foi aproveitada pelos adversários para, friamente, fazerem valer a sua eficácia. Na partida de hoje, a opção estratégica foi a mesma, e a única diferença esteve na ineficácia inglesa, não deixando de sublinhar aqui os méritos do homem que dá título a esta crónica (já lá irei). Dito de outro modo, o Benfica alcançou em Manchester os seus objectivos fundamentais, mas fê-lo por caminhos que eu não aconselharia, e que se viu no passado recente darem mais derrotas do que o contrário. O empate deixou-me bastante feliz, mas creio que em dez repetições daquele tipo de jogo, o Benfica perderia nove, o que, não afectando a alegria da qualificação, não deixa também de preocupar, tendo em conta que a temporada ainda nem chegou a meio.



Em que se traduz afinal essa ideologia que Jorge Jesus – qual troika, qual Merkel – insiste teimosamente em aplicar na Europa benfiquista? Basicamente numa atitude abertamente ofensiva (demasiados homens nas acções de ataque), de certa forma aventureira ou mesmo romântica (não se vê isto a ninguém), que parte os jogos em dois (uns atacam, outros defendem), e que, perante equipas fortes, faz cair os encarnados numa correria frenética e inconsequente de trás para a frente e da frente para trás, que, além de desgastar bastante os jogadores, abre espaço para o erro. No fundo, o Benfica quer assumir-se como uma equipa que não é (lamento, mas não é o Barcelona), acabando, em certos períodos, por se deixar enredar nos seus próprios equívocos de personalidade, expondo-se aos adversários, e convidando-os a aproveitar as suas (várias) debilidades. Em Old Trafford, tanto se viu o Benfica partir para o ataque com seis e sete unidades em simultâneo (até quando estava em vantagem), como mais tarde se viu uma equipa acabrunhada no interior da sua área, à espera que o opositor falhasse, uma por uma, as oportunidades que ia criando em série, numa manifestação quase grotesca de dupla personalidade, que não pode deixar ninguém tranquilo.
A uma equipa como o Benfica, num jogo como este, eu gostaria de ver uma atitude muito mais fria, muito mais prudente, direi mesmo muito mais especulativa, e, sobretudo, muito mais constante. Com ela, o Benfica não daria a sensação ilusória de, a espaços, dominar o Manchester na sua própria casa, mas também não se deixaria reduzir às cinzas de que parecia feito no início da segunda parte (sobretudo sempre que Nani pegava na bola), e até aos golos – fazendo lembrar, nessa fase do jogo, um certo sorriso de Arsene Wenger, num certo Arsenal-FC Porto. Por essa altura confidenciei para quem estava ao meu lado que só um milagre evitaria a derrota, e após o golo de Fletcher confesso que temi uma goleada. O resultado final recompôs-me o ego clubista, mas na hora de fazer esta análise não posso deixar de lembrar os momentos em que a equipa do Benfica se despiu, peça por peça, do fato com que, de modo fanfarrão (é assim que eu vejo, é assim que eu sinto), havia entrado no jogo.



Jorge Jesus é um treinador com qualidades extraordinárias, valoriza os jogadores como poucos, percebe o futebol português como ninguém, e espero que fique muitos anos na Luz, tornando-se numa espécie de Ferguson do Benfica. Defendi-o de forma convicta (inclusive no jornal do clube) quando, na época passada, chegou a ser posto em causa. Mas, como todos os génios, tem atitudes desconcertantes, que no seu caso se revelam sobretudo nos jogos internacionais. Para além das estratégias suicidas (que, como se viu, por vezes até correm bem), as suas declarações, antes e após o jogo, puseram em pé os poucos cabelos que me restam. Criticar, com soberba, a Liga Inglesa antes de jogar em Inglaterra é algo que me fez esfregar os olhos para poder acreditar. E dizer, depois do empate, quando o objectivo único desta fase passou a ser o primeiro lugar, que esse primeiro lugar interessa pouco, levou-me à fúria. É assim Jesus, e aceitá-lo faz parte dos mandamentos do benfiquismo actual. Tem virtudes e defeitos, e não posso deixar de os assinalar. A uns e a outros.



Em suma, depois de Old Trafford, ainda não sinto que possa acreditar definitivamente nesta equipa. Há algo que ainda me faz desconfiar dela. Falta-lhe justamente aquilo que certos comentadores (levados pelos resultados) lhe atribuem: consistência e solidez. Felizmente, não lhe tem faltado sorte.



Após ter esgotado as críticas (porventura demasiado duras, mas consequência de uma hora e meia de demasiado sofrimento), é altura de passar aos elogios. E, para além da entrega e profissionalismo de todos, de bons momentos de Gaitán e Witsel, da entrada sóbria de Miguel Vítor, eles resumem-se a uma só palavra: Artur.




Se o Benfica queria encontrar um guarda-redes que desse pontos, ei-lo. Já admirava o brasileiro quando defendia as redes do Sp.Braga, e não poderia repetir aqui os nomes que lhe chamei aquando da última meia-final da Liga Europa. Mas confesso que tinha dúvidas se o tal guardião quase sobrenatural que o clube da Luz procurava existia mesmo, ou se estaria apenas em Chamartin (com Casillas), em Munique (com Neuer), ou na memória de Preud’Homme e Manuel Bento. Afinal existe, e está aí, defendendo o que tem defesa, o que não tem defesa, e algo mais. Não quero cometer nenhum exagero, mas julgo que Artur Moraes estará hoje entre os cinco ou seis melhores guarda-redes do mundo, e só por distracção não é ainda titular da selecção do seu país. É a ele que cabe larga fatia dos méritos deste apuramento, é ele o grande responsável pelo facto de o Benfica não ter perdido ainda qualquer jogo nesta época. É ele, sem dúvida, que tem estabelecido a diferença entre os Benficas desta e da temporada anterior, ambos com batimentos cardíacos irregulares, ambos capazes de ser brilhantes e medíocres, muitas vezes dentro do espaço e do tempo de um só jogo de futebol.



O Benfica está nos oitavos-de-final da Champions pela segunda vez em 17 temporadas. Se, como espero, ficar em primeiro lugar do grupo, e o sorteio não lhe for hostil, pode ainda sonhar mais alto. Mas terá de entender que, na Europa dos grandes, é ainda demasiado pequeno para encher o peito, admirar-se ao espelho e jogar em bicos de pés.

O MEU ONZE

Doi-me o coração por deixar Rodrigo de fora, mas creio que a planta física e a experiência internacional de Cardozo podem ser, pelo menos na fase inicial do jogo, mais úteis à equipa. Caso o Benfica se veja em desvantagem, o espanhol saltaria do banco para... marcar.


PS: E só desejo que o Benfica tenha no jogo de Manchester a sorte que manifestamente lhe faltou no sorteio da Taça de Portugal. Marítimo e Sporting sucessivamente, ambos fora de casa, era o que de pior se poderia esperar.

A IMPORTÂNCIA DO PRIMEIRO LUGAR

Ao contrário do que sucede na Liga Europa e noutras competições, a diferença entre ser primeiro ou segundo classificado num grupo da Champions League não é um mero capricho.


Além de jogar a segunda-mão dos oitavos-de-final em casa, os lotes de possíveis adversários não são minimamente comparáveis. A avaliar pela classificação actual, vejamos o que pode acontecer nos restantes grupos: É verdade que, mesmo vencendo o grupo, ao Benfica poderia sempre calhar um Milan ou um Manchester City (embora este tenha ainda o apuramento em risco). Mas, caramba, não é possível compararmos Ajax, Marselha, Apoel, Leverkusen ou CSKA, com o lote de líderes que se começa a desenhar no horizonte.



Dito de outra forma, se o Benfica ganhar o grupo (teria, pelo menos, de empatar com golos hoje em Old Trafford), pode manter legítimas aspirações a ultrapassar também os oitavos-de-final, e caminhar para uma temporada europeia histórica. Se, apurando-se, ficar pelo segundo lugar, só um milagre (que se poderia chamar Zenit...ou Apoel) lhe permitirá sonhar com algo mais.

ALGUNS DADOS HISTÓRICOS

Veja-se o palmarés do Benfica nos jogos disputados em terras de sua majestade: Não é muito animador, embora haja quem nunca lá tenha ganho.



Também a história dos confrontos com o Manchester United (em casa e fora) não é simpática. Ei-la:



Como nota positiva, num e noutro caso, atente-se apenas que raramente o Benfica ficou em branco.

AS CONTAS DE OLD TRAFFORD

Ainda ontem ouvi um reputado jornalista (daqueles que eu admiro) dizer que ao Benfica, independentemente do jogo de Manchester, bastava vencer na Luz o Otelul para garantir a qualificação para os oitavos-de-final da Champions League. Errado!



Em caso de derrota por mais de um golo em Old Trafford, os encarnados ficarão desde logo dependentes de terceiros, sendo que, nesse caso, nem uma vitória na última ronda por 8-0 (ou 15-0, se preferirem) garantiria o necessário segundo posto.



Imaginemos, para ilustrar o caso, o seguinte cenário: o Benfica perde em Manchester por 2-0, e o Basileia vence na Roménia por 0-1. Creio que não seriam resultados que chocassem o mundo do futebol. A classificação, à partida para a última jornada, ficaria assim ordenada:



Manchester Utd 11 pontos / Benfica 8 pontos / Basileia 8 pontos / Otelul 0 pontos.



Agora, imaginemos que, nessa última jornada, o Benfica goleia o Otelul, e o Basileia vence um Manchester United, já praticamente qualificado, por 2-0.



As três equipas terminariam assim empatadas com 11 pontos, e o Otelul, em último lugar, com zero. Seria então necessário aplicar os critérios de desempate.




O primeiro critério, dos pontos nos jogos entre si, não nos leva a lado nenhum, pois todos os líderes teriam feito 5 pontos nessas partidas (além dos 6 frente ao Otelul). O segundo critério remete para os golos nos jogos entre as equipas empatadas. Vejamos então como ficaria a situação:




Manchester empatou na Luz 1-1, empatou em casa com o Basileia 3-3, perderia então na Suiça por 0-2, e teria vencido o Benfica pelo mesmo resultado. Total: 6-6 em golos, nos jogos com os adversários empatados em pontos.




O Basileia perdeu em casa com o Benfica por 0-2, teria ganho ao Manchester pelo mesmo resultado, empatou na Luz 1-1, e em Old Trafford 3-3. Total: 6-6 em golos.




Quanto ao Benfica, empatando em casa com ambos os adversários 1-1, ganhou na Suiça 0-2, e teria perdido em Manchester pelo mesmo resultado. Total: 4-4 em golos.




Mantendo-se a diferença de golos idêntica para os três, teríamos de partir para o terceiro critério de desempate, e aí contava o número total de golos marcados nestas partidas, ficando então o Benfica de fora. Não se chegava pois ao quarto critério, que seria o da diferença total de golos em todos os jogos do grupo, pelo que, mesmo uma eventual goleada ao Otelul de nada iria servir à equipa portuguesa.




Ou seja, perdendo em Manchester por mais de um golo de diferença, o Benfica fica dependente dos resultados do Basileia (na Roménia, e em casa diante do Manchester) para poder chegar ao segundo lugar, independentemente do que faça na última jornada. Pior que isso, expõe-se à eventualidade de um mesmo resultado (neste exemplo o 2-0) chegar a Basileia e Manchester United para se qualificarem ambos, abrindo campo a todas as especulações.




Obviamente, nada disto acontecerá se ocorrer uma de duas situações: 1) o Basileia não ganhar em Bucareste 2) o Benfica não perder em Old Trafford, ou perder tangencialmente.




Perdendo tangencialmente, os encarnados ficariam desde logo com uma diferença de golos positiva naquele eventual desempate, diferença essa que nunca poderia ser igualada ou superada por ambos os adversários (Basileia e Manchester) em simultâneo. Nesse caso, sim, uma vitória perante o Otelul chegaria para garantir o apuramento, independentemente daquilo que se passasse na Suíça.



PS: Entretanto, e também ao contrário do que muita gente pensa, o FC Porto depende apenas de si próprio para se qualificar. Ganhando na Ucrania, e vencendo o Zenit por 2-0 no Dragão, a (ainda) equipa de Vítor Pereira garante o apuramento, independentemente de todos os outros resultados do grupo.

COISAS DA TAÇA



NAVAL-BENFICA: Não pude ver o jogo em directo, e acabei por não ver a gravação integralmente. Não me parece que tenha perdido grande coisa, devendo destacar apenas mais um golo de Rodrigo, que se está a tornar um caso sério de eficácia diante das balizas. A chuva justifica alguma coisa, mas há que dizer que um Benfica tão expectante expõe-se a riscos que não deveria ter de correr.






ACADÉMICA-FC PORTO: Vi os últimos 10 minutos, ainda a tempo de me regalar com o segundo e o terceiro golo dos “estudantes”. Surpreende a incapacidade do FC Porto reagir à indolência competitiva em que se deixou mergulhar, restando saber se o problema reside no treinador (sem carisma, nem capacidade mobilizadora), nos jogadores (contrariados num clube onde já não queriam estar), ou na relação entre um e outros (que diz-se não ser fácil). Já os vi passar por situações semelhantes, e renascer das cinzas para grandes épocas (a última, curiosamente, até foi na Ucrânia, na altura diante do Dínamo de Kiev). Não dou pois, ainda, o FC Porto como um caso encerrado para 2011-12. Mas sabe bem vê-los assim.



JUV.ÉVORA-MARÍTIMO: Estive no Estádio Sanches de Miranda, e gostei bastante da réplica que a equipa eborense deu a um Marítimo na máxima força (apenas mudou de guarda-redes). Foi preciso um duplo erro de Duarte Gomes (canto inexistente, seguindo de golo em fora-de-jogo), para que os insulares alcançassem um apuramento que esteve em discussão até ao último segundo. Se jogar sempre assim, o Juventude não terá dificuldades para conseguir os seus objectivos no campeonato da 2ª divisão. Na próxima época haverá mais Taça para uma equipa que disputou vinte (!) eliminatórias desta competição nos últimos seis anos (tantas quanto o Benfica em igual período).



SPORTING-SP.BRAGA: Os jogos não se ganham sem sorte, mas por vezes a dose é exagerada. Quando o Sporting marcou o seu segundo golo (que viria a fechar o resultado), não havia feito absolutamente nada que justificasse a vantagem. E daí em diante, também pouco mais fez do que ver o adversário jogar e desperdiçar lances de ataque (mesmo em inferioridade numérica). O Sp.Braga pagou o preço da sua ineficácia, e sofreu também os efeitos de uma arbitragem bastante caseira (um golo em fora-de-jogo, e um penálti perdoado a Polga).

TAÇA CHEIA

Em fim-de-semana de Taça as minhas atenções estão voltadas para a Figueira da Foz e para Évora.




Na Figueira joga hoje o Benfica, sendo de esperar que, com maior ou menor dificuldade, se desenvencilhe da Naval, agora a militar na segunda divisão.


Fica um possível onze do Benfica, no qual Jorge Jesus irá provavelmente mexer bastante, até porque se avizinha um difícil e decisivo jogo na Champions League:






No domingo, na capital alentejana, joga o meu Juventude, que 13 anos depois volta a receber uma equipa do escalão maior em sua casa (a última havia sido o Boavista, em 1998, com derrota por 1-3). Desta vez o visitante será o Marítimo, que está a surpreender no campeonato principal, ocupando um vistoso 4º lugar, e dispondo do melhor marcador da prova (Baba).




Contrariamente ao Benfica, as hipóteses do Juventude seguir em frente são residuais. A equipa eborense luta para se manter da 2ª divisão, e enfrenta um dos melhores Marítimos dos últimos anos. Espera-se pois, somente, uma prestação digna, um bom espectáculo e uma receita que ajude o histórico clube a superar as dificuldades em que - à semelhança de tantos outros - vai vivendo.

Ficam também os onzes tipo de Juventude e Marítimo, sendo no entanto de esperar que a equipa madeirense faça algumas alterações na sua estrutura habitual:


A jornada de Taça engloba ainda um Académica-FC Porto, um Sporting-Sp.Braga, e mais doze jogos, pelo que as emoções não irão certamente faltar por esse país fora.

AJUDAR !

Carlos Martins já deu muitas alegrias aos benfiquistas, como também aos sportinguistas, e, pela Selecção Nacional, a todos os portugueses. Carlos Martins precisa agora da nossa ajuda.


O contributo deste espaço é necessariamente modesto, mas não quero deixar de associar VEDETA DA BOLA à onda de apelo que está a sensibilizar o país, e que se espera possa contribuir para salvar a criança (esta, e outras).


Para saber como ajudar, pode recorrer à página do Facebook criada pela família do Carlos ("vamosajudarogustavo"), ou obter informações através dos seguintes contactos:


NORTE:
Rua Dr. Roberto Frias - Pavilhão ‘Maria Fernanda', Porto; Telefone: 225 573 470

CENTRO:
Praceta Prof. Mota Pinto, Edifício S. Jerónimo, 4.º piso, Coimbra; Telefone: 239 480 700

SUL:
Alameda das Linhas de Torres, n.º 117, Lisboa; Telefone: 217 504 100

TALISMÃ

Não fora a malfadada final de 2004 com a Grécia, e a Selecção Portuguesa teria uma relação perfeita com o novo Estádio da Luz.




Já na anterior "Catedral" a equipa das quinas tinha sido feliz, alcançando, assim de memória, apuramentos frente à URSS (para o Euro 84), à Irlanda (Euro 96), Hungria (Euro 00) e Estónia (Mundial 02)




No novo estádio, em dez partidas, além daquela triste derrota, apenas um empate (com a Polónia) . De resto, só vitórias, algumas das quais bem gordas, e até diante de adversários de peso.




Eis os jogos que Portugal realizou no novo Estádio da Luz:







Como curiosidade, direi que estive em todos eles, com excepção dos frente à Polónia e à Espanha.

De realçar ainda, neste apanhado, os seis (!) golos de Hélder Postiga, todos marcados na mesma baliza.

PORTUGAL OLÉ!


Não me recordo, nos últimos cinco anos, de um jogo tão empolgante da Selecção Nacional como este que, com goleada, valeu o merecido apuramento para o Euro 2012.


De uma equipa que tem o melhor jogador da Europa (Cristiano Ronaldo), e ainda craques de nível internacional como Fábio Coentrão, Pepe ou Nani (e quase estaria tentado a acrescentar aqui João Moutinho), espera-se sempre qualquer coisa. Quando todos eles mostram uma vontade férrea de ganhar, quando todos eles se disponibilizam a lutar pela camisola que envergam, o resultado só pode ser este: um hino ao futebol de ataque, golos, espectáculo e vibração constante até final.


E tudo começou com Ronaldo, que finalmente explodiu de “quinas” ao peito, assemelhando-se ao fantástico jogador e goleador que semanalmente vemos com a camisola do Real Madrid. Foi isso que tantas vezes faltou a Portugal nos últimos tempos, e que pouca gente compreendia ou aceitava. O maior talento da equipa, aquele que podia fazer a diferença, parecia escondido dos jogos, e escondido de si próprio, entalado entre o impulso de procurar fazer tudo sozinho e a necessidade de se integrar num colectivo tantas vezes longe do seu nível. Nesta eliminatória com a Bósnia, e particularmente neste jogo da Luz, Ronaldo foi “apenas” igual a si próprio. Fez a diferença, arrastando consigo a equipa para uma exibição categórica, e para uma vitória que ficará na história. Foi ele, claramente, a grande estrela deste apuramento, e nem outra coisa seria de esperar de quem é o jogador mais caro do mundo, e já ganhou uma “Bola de Ouro” e duas “Botas de Ouro”. Um Cristiano Ronaldo assim, é inegavelmente um ídolo para o povo português, e para quem gosta de futebol. Era isto que esperávamos dele. É isto que esperamos (e necessitamos) dele, para aspirar a uma boa fase final.


Como digo acima, a vitória não foi, porém, de uma só individualidade. Houve outros jogadores em altíssima rotação competitiva, dos quais destacaria Pepe (em grande forma), Moutinho (porventura o seu melhor jogo nesta temporada), e Miguel Veloso (apostado em ganhar definitivamente o lugar de titular). Creio que Bruno Alves, Fábio Coentrão, Raul Meireles e Nani podem fazer melhor, mas nenhum deles destoou totalmente numa noite tão arrebatadora. Até Postiga, depois de alguns assobios, acabaria por cumprir o seu papel, marcando dois belos golos, e justificando, também ele, de certa forma, a opção de Paulo Bento.


Por falar nele, o mérito do seleccionador também é inquestionável. Se a qualificação em si era, à partida, quase obrigatória, a verdade é que quando ele pegou na equipa a situação estava muitíssimo complicada. Encontrou o seu grupo de jogadores, construiu uma verdadeira identidade colectiva, e encontrou o caminho do êxito. Nem sempre concordei com as suas opções (não tanto quanto aos titulares, mais quanto à retaguarda de banco), mas não posso deixar de dizer que este sucesso (e é disso que se trata) tem a sua marca.



A Bósnia ainda assustou (quando fez o 2-1, e depois, embora já em inferioridade numérica, quando fez o 3-2), mas globalmente não se conseguiu entender com a fogosidade ofensiva dos jogadores portugueses. Já na primeira-mão esta equipa me tinha deixado a ideia de alguma permeabilidade defensiva, ideia que a partida da Luz confirmou redundantemente.



Quer-me parecer que o árbitro se enganou vezes demais. Estive no estádio, e ainda não vi todos os lances na televisão. Mas quando se ganha 6-2 até fica mal trazer para aqui razões de queixa.



Falta falar de um interveniente importantíssimo, que se portou à altura das circunstâncias: o público da Luz. Foi pena que o estádio não estivesse totalmente cheio (a crise faz-se já sentir em muitos aspectos da nossa vida), mas os que lá foram não regatearam apoio à equipa. Sabe-se que o público de selecção é totalmente diferente do dos clubes. É mais feminino (o que acrescenta um certo encanto às bancadas), porventura menos ansioso, e certamente muito mais festivo e generoso. E convenhamos que, depois de tudo o que aconteceu na primeira-mão, os bósnios estavam mesmo a pedir uma assobiadela monumental ao seu hino.



Agora virá o sorteio. Os estranhos critérios da Uefa colocam, por exemplo, a França no pote 4 e a Alemanha no pote 2. A Portugal cabe-lhe o “3”, o que significa que pode integrar um grupo com Espanhóis, Alemães e Franceses, o qual, creio, seria o mais forte grupo de sempre de uma qualquer fase final de Europeus ou Mundiais. Por mim, voto antes na Polónia, na Rússia e na Irlanda.



Portugal não é a melhor equipa do mundo. Muito longe disso. Mas tem jogadores (não em todas as posições, mas na maior parte delas) que justificam, continuam a justificar, presença assegurada nas grandes competições internacionais. Não será um dos favoritos a vencer o Euro, mas está, seguramente, entre as 16 melhores selecções europeias, pelo que seria uma injustiça futebolística um eventual fracasso nesta qualificação.

Agora, para a fase final, o objectivo exigível deve ser, tão somente, ultrapassar a fase de grupos. O resto se verá depois.

DIA P, DE PORTUGAL

A actualidade exigia o post anterior. Mas hoje o dia é de união, e logo, pelas 21.00, pelo menos para mim, não haverá benficas, sportingues nem portos.

Estarei na Luz, e sentirei uma profunda desolação caso o resultado não seja aquele que espero. Enquanto adepto do futebol, considero extremamente importante ver o meu país na fase final do Europeu. É essa a minha cultura desportiva, e não abro mão dela, independentemente de gostar mais ou menos do jogador A, ou do seleccionador B.

O jogo não será fácil, mas confio na vontade de todos os jogadores portugueses, e na inspiração dos principais craques (à cabeça dos quais, o "Bota de Ouro"), para ultrapassar este último obstáculo.

Aos 11 anos, chorei quando Portugal foi eliminado do Mundial 82, na Luz, pela Suécia. Aos 34, vibrei, in loco, com um electrizante Portugal-Inglaterra, também na Luz, para o Euro 2004, que considero um dos momentos mais altos de toda a história da minha paixão pelo futebol. Hoje, não espero emoções tão fortes, mas apenas a porta aberta para um mês de Junho cheio de entusiasmo - mais do que nunca necessário para inspirar um país profundamente deprimido.

Fica o meu onze. Só tirava (como já vai sendo hábito) o Postiga, mas se ele jogar e marcar um golo, não deixarei de o festejar.

ONDE ESTÁ A DÚVIDA?

Eusébio, com a simplicidade que todos lhe reconhecem, contou a uma revista porque motivo gostava do Benfica, e não gostava do Sporting. No seu bairro, segundo diz, os sportinguistas eram maioritariamente próximos da elite colonialista (naturalmente, em larga medida, também racista).



Não percebo o que isto possa ter de polémico. Primeiro porque Eusébio não generaliza, falando apenas daquilo que era a realidade do local onde passou a sua infância. Depois porque - embora ele não o tenha dito dessa forma - toda a gente sabe que o Sporting sempre foi, de facto, um clube genericamente conotado com as elites económicas e políticas, nomeadamente durante o antigo regime (mas não só), fosse em Moçambique, fosse em Lisboa, em Évora, ou em Carrazeda de Anciães. Nos anos cinquenta, sobretudo em África, estas elites também eram predominantemente racistas, o que não nos levantará grandes dúvidas. Nem é necessário aqui falar dos vários dirigentes sportinguistas ligados à PIDE ou à Legião Portuguesa, nem do facto de os anos dourados do Sporting terem coincidido no tempo com os anos dourados do salazarismo. Bastará simplesmente lembrarmos que a cor (e, já agora, o hino original) do Benfica não agradava nada aos senhores do regime, o que, desde logo, de certa forma os lançava para os braços do rival. Os próprios estatutos do Sporting, quando foi criado, apenas permitiam a entrada a filhos de boas famílias, e ao longo dos anos, sempre os sportinguistas se afirmaram pela diferença, manifestando o legítimo orgulho de pertencerem a um clube “diferente” (o que, consequentemente, se terá de entender como “de elite”).




Ainda hoje, quem for regularmente a Alvalade, e também à Luz, e observar com olho sociológico, descobrirá pequenas diferenças no adepto-tipo de cada um dos clubes (muita classe-média alta, entre os sportinguistas, bastante mais classe-média baixa, entre os benfiquistas), embora, como é óbvio, possamos somar inúmeras excepções a esta tendência. Aliás, é também assim em Buenos Aires (com River Plate em relação ao Boca Juniors), em Atenas (com Olympiacos em relação ao Panathinaikos), em Roma (com a Lázio em relação ao AS Roma), em Milão (com o Inter em relação ao AC Milan), ou mesmo em Évora (com o Lusitano em relação ao Juventude), e em todas as cidades onde, havendo dois clubes rivais sem elementos geográficos ou regionais que os possam distinguir, crescem com eles outros factores identitários, que afinal os tornam um pouco mais do que uma simples abstracção desportiva. É natural, é saudável, e faz parte da genética do próprio futebol.




Claro que, em vésperas de um Benfica-Sporting, interessará a alguns criar um caldo de polémica. Mas não creio que a entrevista de Eusébio justifique as reacções indignadas que se têm ouvido, e lido, por aí.

EM ABERTO

Levando em conta todo o enquadramento criado pelos bósnios para a partida de Zénica, pode dizer-se que o empate não foi um mau resultado.

Tivesse ele sido alcançado com golos, e não haveria dúvidas de constituir preciosa vantagem para o encontro da segunda mão. A zeros, traz alguns perigos, mas creio, ainda assim, que Portugal está hoje mais perto do Euro 2012 do que estava na passada sexta-feira.

Do encontro da primeira-mão destacaria as boas exibições de Pepe e Cristiano Ronaldo, e a total ausência de Hélder Postiga (jogador sem dimensão internacional, que só por teimosia mantém a titularidade, mesmo sem que as opções sejam inequivocamente melhores). Mas no geral, o empenho de toda a equipa, a forma como soube sofrer, o espírito de conquista que evidenciou, deixam abertas as portas da esperança.

Na terça-feira lá estarei, preparado para comemorar o apuramento. Aos meus 14 anos, nunca Portugal havia estado num Europeu, pelo que, para mim, uma qualificação ainda é coisa para festejos.

A HORA DA VERDADE





Agora é a doer.

A Selecção Portuguesa tem dois jogos para mostrar se merece, ou não, estar presente no quinto Campeonato da Europa consecutivo, e por muito que a relva esteja mal tratada, que exista barulho em redor do hotel, que o estádio não tenha condições, que A ou B se tenham lesionado, ninguém irá perdoar a Paulo Bento, nem aos seus comandados, um eventual fracasso nesta missão.

Em rigor, Portugal já deveria ter conseguido o apuramento na fase regular, onde enfrentou um grupo relativamente acessível. Aí, teremos de lembrar um folclórico início de prova, do qual a direcção federativa não pode isentar-se de culpas. Agora, é com Paulo Bento, Cristiano Ronaldo e companhia. Agora, não haverá atenuantes, perante um adversário que, dispondo de um grande jogador (Dzeko), não é propriamente um colosso do futebol internacional, nunca se tendo qualificado para qualquer prova de relevo.

O seleccionador mereceu, desde cedo, o meu apoio. Nos últimos tempos tem, porém, cometido erros que não posso deixar de lhe apontar. Não compreendo as convocatórias de alguns jogadores (que, se não são, parecem de encomenda), mas, sobretudo, não entendo esta forma peculiar de exercer a disciplina, que passa por afastar liminarmente todos os insubordinados, deixando a equipa competitivamente destapada. Expulsar elementos do grupo, de qualquer grupo, é tarefa fácil. Desse modo, qualquer um saberia liderar o que quer que fosse. Difícil é integrar, congregar, motivar e aglutinar todos, mesmo os mais complicados. Veja-se o caso de José Mourinho, e como lidou ele com temperamentos e egos como os de Ibrahimovic ou Benzema, entre muitos outros. Paulo Bento não o tem conseguido fazer, e quando mais necessitávamos, ficámos privados de dois dos melhores defesas do futebol europeu, sem substitutos á altura num país onde o campo de recrutamento não é muito amplo.

Mas agora não é hora de criticar. Estarei na Luz na próxima terça-feira, e diante do televisor já nesta sexta, sofrendo pela Selecção do meu país. Já não imagino um mês de Junho, e uma grande competição de futebol, sem o sal de uma presença portuguesa. Cresci com as ausências (e vibrei com Mundiais como o de 1978 e 1982, sem Portugal), mas há mais de uma década que a nossa Selecção nos habituou a fazer parte do filme. Num momento em que a Europa vive um período de grande convulsão económica, e de alguma desintegração moral, a importância de estar no Euro (neste Euro) resulta acrescida.

Se os jogadores portugueses estiverem ao seu melhor nível, creio que a qualificação não fugirá. É isso em que acredito.

Fica aqui a minha escolha para o primeiro jogo, no qual um empate me deixaria satisfeito:

O MUNDO AO CONTRÁRIO

Numa escola dos arredores de Braga, uma criança foi obrigada a sair da sala porque tinha uma camisola do Benfica vestida, e o Mossoró ia lá dar uns autógrafos.






São já episódios demasiados.






O Benfica não deve procurar conflitos, mas também não pode fugir deles. Há, a partir da direcção do Sp.Braga (em parceria com o FC Porto), uma estratégia clara para eliminar a implementação benfiquista na região. É necessário responder à altura.






Ainda me lembro da amizade entre Fernando Martins e Pinto da Costa, na década de oitenta, quando este precisava de se afirmar, e não tinha ainda ganho nada. Tratou-se de um erro histórico, com consequências devastadoras para o clube, e para o futebol português. Não o queria ver repetido.






Não tenho nada contra o crescimento de um quarto clube no panorama competitivo nacional. Mas não posso aceitar que esse crescimento seja sustentado no ódio anti-benfiquista, até porque tal não corresponde ao sentimento generalizado na população minhota, sendo antes uma construção meticulosa do chico-espertismo que domina o clube bracarense.




PS: Pelo contrário, o Sporting lisboeta é um clube rival, mas parece-me gerido por gente séria. Penso que o Benfica deve saber escolher os amigos, e nessa medida não me chocaria que fossem disponibilizados os tais 10 mil bilhetes para o derby. Não é por isso que o Benfica deixará de ganhar o jogo.

CONSEQUÊNCIA

Os episódios que (mais uma vez) ocorreram paralelamente à visita do Benfica a Braga, justificam reflexão profunda.


Cortes de luz, banhos de água fria, cânticos insultuosos, pressão desmesurada, simulações, agressões, erros crassos de arbitragem, e agora também acusações gratuitas e mal esgalhadas. Certamente também doping, pontualmente confusões em túneis, bolas de golfe, e tudo aquilo que seja necessário para, mais do que o Sp.Braga vencer, sobretudo, o Benfica perder. Nem no Estádio do Dragão se chega a tanto.


Artur, que esteve do lado de lá, falou em “coisas do outro mundo”. Jesus, que também esteve do lado de lá, falou em “truques”. Certamente sabem do que falam, e até o observador mais desatento percebe que estes Sp.Braga-Benfica não são jogos normais.


Estive lá aquando da malfadada meia-final da Liga Europa, e, um tanto surpreendentemente, não me apercebi de qualquer hostilidade generalizada dos bracarenses para com os benfiquistas, tendo podido passear tranquilamente pelas imediações do estádio, de cachecol do Benfica ao pescoço, até entrar para as bancadas. Desde então reforcei a ideia de que aquilo que se tem passado em Braga, tem pouco a ver com o povo da cidade, ou mesmo com a maioria dos adeptos do Sp.Braga (muitos deles também com simpatias benfiquistas), sendo promovido exclusivamente desde cima, ou seja, a partir da estrutura interna do próprio clube. Até os cânticos insultuosos (como naturalmente as bolas de golfe, e a vandalização de Casas do Benfica) nascem de um sector específico da claque minhota, muito provavelmente instrumentalizado para esse fim.



Posto isto, creio que já era altura do Benfica tomar uma posição firme, e cortar relações com um clube que, pelas reiteradas faltas de fair-play (com diferentes treinadores, e diferentes jogadores, mas sempre o mesmo presidente), não merece qualquer tipo de consideração. Torna-se chocante para o adepto comum ver o presidente do Benfica sentado ao lado de quem promove (por actos ou omissões) este tipo de comportamentos, que já pouco ficam a dever aos daqueles que os inspiraram. As amizades pessoais são do foro privado de cada um, mas, institucionalmente, nada justifica que o Benfica continue a tolerar estas situações, passando por cima delas como se nada fossem, e permitindo que se repitam ano após ano.

LAPSO

Godinho Lopes diz que o Sporting é, juntamente com o Barcelona, o clube europeu com troféus europeus em mais modalidades (quatro). Esquece-se, porém, do…Benfica.

É verdade que o Sporting já venceu a Taça dos Campeões Europeus de Hóquei em Patins (modalidade em que figura agora nos escalões secundários), a Taça das Taças em Futebol (prova que já não existe), a Taça dos Campeões Europeus de Corta-Mato (que, honestamente, desconheço se ainda existe), e a Taça Challenge de Andebol (a competição menos relevante do calendário internacional da modalidade).Mas o Benfica ganhou a Taça dos Campeões Europeus de Futebol, a UEFA Futsal Cup (provas principais do calendário internacional de ambas as modalidades), e ainda a Taças Cers de Hóquei em Patins, e a Taça dos Campeões Europeus de Estrada em Atletismo.

Ao caro leitor deixo o exercício de escolher qual dos dois “pacotes” prefere. Eu não tenho dúvidas.

O FC Porto, com vitórias apenas no Futebol e no Hóquei, está fora deste filme.

CLASSIFICAÇÃO REAL

Tal como prometido, aqui vai toda a actualização à Classificação Real, desde os dias em que este espaço esteve fora de serviço.

Jornada 8


BEIRA MAR-BENFICA

O único caso de que me recordo foi o de um golo bem anulado a Saviola.

Resultado Real: 0-1


FC PORTO-NACIONAL

Uma das piores arbitragens da Liga, protagonizada por um dos piores árbitros do futebol português (Cosme Machado).

Dois dos golos do FC Porto foram alcançados em posição irregular (o segundo e o último). Ficou também por assinalar uma grande penalidade a favor do Nacional, por falta de Álvaro Pereira sobre Mateus.

Resultado Real: 3-1


SPORTING-GIL VICENTE

O quarto golo do Sporting é obtido com Capel em posição irregular. De resto, nada a realçar.

Resultado Real: 5-1



Jornada 9


BENFICA-OLHANENSE

Dois casos: golo mal anulado a Cardozo (o segundo em três jogos), e falta sobre Gaitán não sancionada, quase em cima da linha da área (daria livre perigosíssimo).

Resultado Real: 3-1


FC PORTO-PAÇOS

Não me recordo de qualquer caso grave nesta partida.

Resultado Real: 3-0


FEIRENSE-SPORTING

Mais uma arbitragem deplorável.

Penálti por assinalar sobre Elias, antes do intervalo. Penálti mal assinalado a favor do Sporting, pois é Schaars quem procura o contacto. Expulsão de Henrique manifestamente exagerada (no lance do segundo amarelo, existe falta, mas nunca a justificar acção disciplinar).

Resultado Real: 0-2 (embora os efeitos da inferioridade numérica do Feirense não possam ser aqui ponderados)



Jornada 10

SP.BRAGA-BENFICA

Já me referi ao jogo, mas não tinha observado com atenção a falta sobre Luisão na sequência de um pontapé de canto. Penálti claro que ficou por assinalar, que daria a vitória ao Benfica.

O lance de Emerson, como já disse, proporciona todo o tipo de interpretações. Aceito por isso a marcação da falta, embora não ignore que, por exemplo em termos internacionais, raramente se marquem penáltis em lances deste tipo, e que o mesmo Pedro Proença já tenha tido outro critério em situações idênticas.

Em lance reclamado pelo Sp.Braga, embora nenhuma imagem o esclareça totalmente, fica a ideia que a bola é desviada pelo joelho de Javi Garcia. De qualquer modo foi assinalado um fora-de-jogo.

Ficou um cartão vermelho por mostrar a Djamal, logo aos seis minutos.

Resultado Real: 1-2


OLHANENSE-FC PORTO

É caso raro, mas o FC Porto foi prejudicado neste jogo.

O penálti assinalado aceita-se, mas nunca justificaria mais do que o cartão amarelo, pois Kléber não tinha a bola controlada, e estava entre dois adversários.

O corte com a mão dentro da área parece acidental. Mas, tal como em Braga, é um dos muitos lances de futebol que permitem diferentes interpretações, normalmente conforme as cores envolvidas, e as simpatias do analista. Procurando ignorar os clubes em causa, eu tenderia a assinalar ambos. Aceito, no entanto, qualquer decisão.

Também a falta sobre Hulk, na segunda parte, parece efectivamente existir, ficando pois por marcar mais um penálti.

Resultado Real: 0-2


SPORTING-U.LEIRIA

O penálti que originou o terceiro golo parece-me bastante mais duvidoso que os de Braga (assinalado) e de Olhão (não assinalado). Mas confesso que não vi tantas repetições deste como dos outros. O jogo estava terminado, pelo que não perderei muito tempo a reflectir sobre este lance, ou sobre a expulsão que o mesmo determinou.

Ficou por expulsar João Pereira (espero o devido sumaríssimo).

Diga-se, aliás, que as últimas arbitragens têm sido bastante simpáticas para os leões, sobretudo ao nível dos critérios disciplinares (não reflectidos nesta classificação). Até agora, nesta Liga, em jogos do Sporting, tivemos expulsões exageradas de jogadores do Paços de Ferreira, do Feirense e do U.Leiria, e expulsões perdoadas a Jeffren com o Olhanense, a Onyewu em Vila do Conde, e a João Pereira com o U.Leiria. E, se bem me recordo, Domingos atribui bastante importância às inferioridades e superioridades numéricas. Para quem tanto se queixa, não estamos nada mal…

Resultado Real: 2-1


CLASSIFICAÇÃO REAL

SPORTING 27 (prejudicado em quatro pontos)

Benfica 26 (prejudicado em dois pontos)

FC Porto 24 (em casa)

O PROBLEMA NÃO ESTÁ NA COR

PONTO...DE INTERROGAÇÃO


Só no final do campeonato se saberá, em rigor, se o Benfica ganhou um ponto, ou perdeu dois, na sempre difícil deslocação a Braga.

Por um lado havia a expectativa de uma eventual liderança isolada (que saiu gorada), e o destino trouxe ainda o ensejo de, no último lance do encontro, um golpe de felicidade (porventura imerecido) poder garantir os três pontos. Mas por outro lado, há um histórico recente de derrotas na Cidade dos Arcebispos que não nos deixa tomar este resultado por uma catástrofe, para mais sendo ele obtido em circunstâncias muito pouco favoráveis (penálti duvidoso, indisposição de Gaitán, quebras de luz, necessidade de recuperar da desvantagem, tradicional hostilidade bracarense, etc). Empatar hoje em Braga é, para qualquer equipa europeia, um resultado (pelo menos) normal, e não podemos esquecer que este empate permite aos encarnados manter a liderança partilhada da Liga, e também a invencibilidade absoluta em provas oficiais na corrente época (o que, diga-se, é um registo deveras apreciável). Não creio que se possam comparar os dois pontos agora perdidos, com aqueles que o Benfica deixou em Barcelos, ou mesmo com os que, no contexto europeu, o Basileia o impediu de alcançar na passada semana. E não me parece que, se a equipa de Jorge Jesus não vier a ser campeã, possa ser este o primeiro resultado a ser chorado.

Dito isto, há que olhar para a forma como o jogo decorreu, e perceber que o Benfica se expôs seriamente à derrota. Há quem me acuse de resultadista - provavelmente porque entendo dever festejar todos os triunfos, sejam eles justos ou não. Mas se o empate em Braga acabou por não ser, como digo acima, um resultado totalmente negativo, a verdade é que a exibição deixou muito a desejar, e no papel de analista (que aqui desempenho) não posso deixar de a relevar.

Nos últimos tempos, sobretudo desde a “transferência” de Jorge Jesus, os jogos em Braga tornaram-se particularmente complicados para o Benfica. A hostilidade é total, a agressividade dos jogadores da casa vai muito para além dos limites, a pressão do público sobre todos os intervenientes (particularmente sobre os árbitros) faz-se sentir mais do que seria natural, e os episódios macabros sucedem-se (confusões nos túneis, expulsões a pedido, arremesso de bolas de golfe, faltas de luz, etc). Três derrotas depois (Liga 09-10, Liga 10-11, e Liga Europa), o Benfica ainda não aprendeu como enfrentar este tipo de desafio, ficando a dúvida se tal incapacidade se deve a questões estruturais relacionadas com o perfil do seu plantel (mais plástico, mais artista, menos guerrilheiro), ou tão somente à persistência de uma atitude expectante e passiva que lhe tem vindo a sair cara. O que é certo é que nestes jogos vemos, invariavelmente, uma equipa minhota de faca nos dentes, a comer a relva, a pressionar o árbitro, a agredir, a simular faltas e agressões, a disputar cada bola como se dela dependesse a vida, e do outro lado um Benfica de smoking, a procurar impor uma superioridade técnica que manifestamente não faz parte do guião daquele filme.

A história repetiu-se uma vez mais, e mesmo um Sp.Braga, no meu ponto de vista, inferior ao de Domingos Paciência, conseguiu levar a sua avante, impondo-se no jogo, e manietando o Benfica – retirando-lhe os espaços, retirando-lhe a iniciativa e as ideias, obrigando-o, em suma, a bater contra a parede que lhe colocou por diante.

Pode dizer-se que, ao intervalo, com tão pouco futebol jogado, o resultado era injusto. Mas também não acompanho aqueles que dizem ter o Benfica melhorado na segunda parte. Atacou mais, como não podia deixar de fazer, mas sempre sem inspiração (notando-se a saída forçada de Nico Gaitán, seu melhor jogador enquanto esteve em campo), e sempre no fio da navalha de um eventual contra-ataque poder resultar no fatal 2-0. Acabou por ter a felicidade de marcar num lance algo fortuito, mas mesmo a partir daí, quando se esperava um forcing final em busca da vitória, o que se viu foi o Sp.Braga a crescer, a remeter o jogo para as imediações da área de Artur, e um Benfica incapaz de dar a golpada definitiva num jogo que quase nunca lhe correu de feição. À beira dos noventa minutos, confesso que desejava o rápido apito de Pedro Proença. E só o lance final de Rodrigo ofuscou a ideia de que o Benfica estava, por essa altura, encostado às cordas.


Lamento que o Sp.Braga não jogue com este entusiasmo e com esta fúria, quando enfrenta o Sporting, e, sobretudo, o FC Porto. Se assim fosse, não teria dúvidas em considerar este um ponto ganho pelo Benfica, pois dificilmente alguém passaria em Braga. Infelizmente sabemos que a atitude competitiva do Sp.Braga, como de outras equipas do nosso campeonato, é selectiva. Mas é com essa realidade que o Benfica tem de contar, e já era assim há dois anos, quando, sentando-se em cima de tudo isso, conquistou brilhantemente o título nacional.


Pedro Proença teve um trabalho difícil. O jogo foi de muito contacto, de muita pressão, e de grande intensidade. Isso atenua alguns erros que cometeu, como a não expulsão do jogador que agrediu Gaitán com o cotovelo, ou alguns livres mal assinalados a favor do Braga. O penálti é daqueles lances que permite todas as interpretações. O que se lastima é que o critério não seja idêntico em todos os jogos, e perante todos os clubes. Tenho a certeza que o mesmo lance, por exemplo num Sp.Braga-FC Porto, se ocorrido na área portista, não só não seria objecto de grande penalidade, como nem provocaria grandes protestos por parte dos minhotos.

REAGIR!


Que melhor altura para acordar desta estranha indolência, do que um jogo de elevado grau de dificuldade, num terreno onde o Benfica perde há três deslocações seguidas - a última das quais particularmente dramática?

CASTIGO MERECIDO


Com uma exibição demasiado pobre, o Benfica desperdiçou esta noite uma excelente hipótese de garantir o apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. A situação era particularmente generosa, mas, por isso mesmo, ou por outra qualquer razão, a equipa da Luz não esteve à altura das circunstâncias, fracassando de forma clara e preocupante.






O empate cedido perante o Basileia não deixou que os encarnados acompanhassem Real Madrid, Barcelona e Milan como equipas qualificadas à quarta jornada da fase de grupos; deitou fora os quatrocentos mil euros de prémio da UEFA; praticamente liquidou a eventualidade de vencer o grupo, e assim manter algumas aspirações para além dos oitavos; impedindo também uma gestão mais tranquila, e menos desgastante, do calendário competitivo até ao Natal. Consequências demasiado pesadas para encarar este empate de ânimo leve, até porque ele não é mais do que o consumar de algo que os últimos jogos vinham crescentemente anunciando.






Quem olhar apenas para os resultados da corrente época, vendo um percurso imaculado de qualquer derrota, um início de campeonato estatisticamente perfeito, e uma porta ainda bem aberta para a fase eliminatória da Champions, será levado a acreditar que o Benfica vende saúde, e segue imparável a caminho de grandes conquistas. Aos olhos daqueles que vêm observando os jogos com atenção (e algum distanciamento), o panorama é, porém, bem distinto. O que se vê, sobretudo nas últimas semanas, é uma equipa cansada, sem chama, insegura, complicativa, e à espera que a sorte (e Artur) a protejam de males maiores. Foi assim em Aveiro, foi assim com o Olhanense (jogos absolutamente miseráveis), e a história repetiu-se esta noite, com consequências mais graves. Mesmo andando algumas semanas para trás, encontramos um empate no Estádio do Dragão, logrado em maior medida por via das substituições suicidárias do treinador portista do que por uma reacção forte a uma primeira parte lastimável, encontramos uma vitória em Bucareste salva por Artur (sempre ele) nos últimos instantes, e triunfos sofridos ante Feirense e V.Guimarães, além do empate cedido em Barcelos. Grandes exibições? Talvez apenas nos jogos com Twente e Manchester United, ocasiões pontuais e já distantes no tempo.






Serve este curto balanço para dizer que as expectativas dos adeptos, o investimento realizado, e os louvores da imprensa, raramente têm encontrado eco no futebol praticado pela equipa de Jorge Jesus, que está a milhas daquele que, há dois anos, com Di Maria, Ramires, Fábio Coentrão, um Aimar mais jovem, e um grande Saviola, enfeitiçou a nação encarnada, apontando desde cedo o caminho do título. Tem-se escrito que há agora mais consistência defensiva. Se ela existe no desenho táctico da equipa (e, sobretudo, na boa vontade de alguma imprensa), a verdade é que não se reflecte nos últimos - e quase sempre aflitivos - minutos de grande parte das partidas realizadas. Ressalvando outra vez Artur (que tem feito, de facto, a diferença), este Benfica é tão sofredor como o do ano passado. Tem tido mais sorte. Até agora.






Não creio que o Basileia seja uma grande equipa. É um conjunto organizado, tem um ou dois bons jogadores, mas não pode ser tomado por mais do que aquilo que é. Jogando em casa, o Benfica tinha obrigação de vencer. Se essa vitória valia um apuramento, qualquer falhanço seria imperdoável. É isso que se exige daqueles com quem o Benfica gosta de se comparar.






As responsabilidades devem ser repartidas. Se há jogadores que parecem completamente desenquadrados das exigências colectivas (Matic, por exemplo, desposiciona-se com uma facilidade irritante, e raramente solta uma bola no timing adequado), e outros totalmente fora de forma (Gaitán, Aimar, Witsel…), há também opções técnicas verdadeiramente incompreensíveis. Cardozo é indispensável no onze, quer tenha alguém a seu lado ou não. É ele que dá peso ao ataque. Sem ele há todo um espaço que fica por povoar, onde caem cruzamentos e passes de ruptura sem alguém que lhes dê sequência, até porque Rodrigo não é um ponta-de-lança puro. Nolito também justificava mais tempo de utilização, sobretudo pela vivacidade que consegue transmitir ao jogo. E depois de se andar a brincar aos defesas-esquerdos (e neste momento é impossível esquecer Capdevila), não percebi porque se queimou uma substituição tirando um jovem lateral de raiz (que estava a fazer o que podia), para colocar um outro jovem, mas neste caso adaptado ao lugar – que, azar dos Távoras, esteve no lance do golo contrário, apenas alguns segundos depois de entrar.






Enfim, com tanto equívoco individual e colectivo, com tão pouca atitude, com tanta indolência competitiva, este “benfiquinha” não mereceia mais.






Infelizmente, os anos vão passando, e a(s) equipa(s) encarnada(s) não consegue(m) libertar-se destes laivos de mediocridade que por vezes a(s) invade(m). Nos momentos decisivos, falta claramente mentalidade ganhadora. Há demasiado espaço para sensações como o deslumbramento ou a ansiedade (conforme os casos). Não há um fio que una os jogadores solidariamente, e os faça comer a relva quando tal se torna necessário. Não há uma cultura de vitória. Não há um espírito de campeão.






Na próxima jornada o Benfica vai provavelmente perder em Old Trafford, e o Basileia vai provavelmente ganhar ao Otelul. Chegar-se-á então à última ronda com empate de pontos na luta pela segunda posição, e com obrigação estrita de vencer os romenos. Estava o pássaro na mão, e provavelmente tudo ficará pendente de um dramático jogo de "mata-mata".






Admito poder estar a ser demasiado exigente, admito padecer ainda de uma hipersensibilidade causada pelas frustrações da época passada (que vão demorar a cicatrizar), mas quando me levantei das bancadas no fim do jogo, apeteceu-me assobiar. Este texto é pois o longo e sonoro assobio que me ficou entalado nos lábios. Também tenho direito a ele, sobretudo depois de ter gasto dinheiro e tempo para, bastante constipado, e numa noite muito pouco convidativa, não deixar de marcar presença junto de outros quarenta mil desgraçados como eu.


Agora só uma vitória inequívoca em Braga me permitirá continuar a acreditar nesta equipa.