NONSENSE

Se a promessa do novo presidente da Liga já era totalmente disparatada, cumpri-la é levar o disparate à prática.

Num momento de crise generalizada, em que os campeonatos portugueses "pediam" uma redução substancial do número de clubes, eis que se avança num sentido que vai ao arrepio de toda a lógica ou racionalidade.

Por mim, já há muito tempo defendo uma I divisão com 10 clubes a 4 voltas, e uma segunda com 4 séries de 22 equipas, acrescida de uma fase final por eliminatórias para apurar quem sobe (apenas um), e para garantir mais espectáculo e mais receitas. Daí para baixo, apenas distritais, com cada campeão a ter o direito de disputar a II divisão no ano seguinte, por troca com os 5 últimos de cada série. Estariam defendidas as receitas (com muito mais jogos para aqueles que precisam de os fazer), reforçavam-se as rivalidades regionais, e reservava-se a divisão principal para o futebol a sério.

Feirenses? Beira Mares? Leirias? Rio Aves? Moreirenses? Santa paciência! Não há lugar para eles, não há mercado para eles, não há receitas para eles. Clubes que não colocam mais de 1500 pessoas num estádio, não podem jogar contra clubes de nível europeu. É andar a brincar aos futebóis. É promover a artificialidade e a mentira. É bajular caciques locais a quem o futebol nada deve.

Aliás, toda a filosofia "solidária" subjacente a esta presidência da Liga, em que os clubes grandes até terão de ceder partes da sua receita aos pequenos, não faz, para mim, qualquer sentido. O que eu quero é ver o Benfica a brilhar na Europa, assim como quererão os portistas, sportinguistas ou bracarenses. Os outros que arranjem sócios e adeptos (e consequentemente receitas), ou então joguem onde devem jogar: no futebol amador, nas divisões secundárias. Caso contrário estaremos dentro em pouco a pedir que parte das receitas televisivas da Liga de Honra (um monstro que nunca deveria ter existido) sejam também distribuidas pelos clubes da II B, as quotizações destes pelos distritais, e assim sucessivamente.

Para além dos quatro principais clubes, não acredito que existam mais do que seis em condições de disputar um campeonato verdadeiramente profissional, sem salários em atraso e com condições organizativas e infraestruturais de ponta.

Manter, artificialmente, ligados a uma qualquer máquina, um número elevado de clubes em provas profissionais, pode servir alguns interesses, mas não serve o futebol português.

Fica o mapa com a minha proposta, já devidamente calendarizada.

11 comentários:

No.Worries disse...

muito boa essa ideia.
mas penso que pior do que o alargamento é fazerem-no esta época, mudando a meio de jogo as regras do mesmo. não dá para acreditar...

Mandrake disse...

Perfeitamente de acordo com tudo. Mesmo que o alargamento fosse benéfico - e não é - nunca seria lícito que, a meio da época, se alterem as "regras do jogo".

Se ninguém descer esta época que "verdade desportiva" podemos esperar do resto do campeonato? Que "favores" poderão ser "negociados" com as equipas do fundo da tabela para "arranjinhos" de resultados, mais a mais, com três equipas a disputar acerrimamente o título?

Apenas Sporting e Nacional da Madeira - e eu nem tenho boa opinião do seu presidente Rui Alves - tomaram posição pública contra esta medida. Ao que parece, FC Porto e mais algumas equipas também estão contra. Qual a posição de Benfica neste assunto?

Outro assunto:

Que pensa o LF sobre as seguintes frases emitidas por Rui Gomes da Silva, na edição de ontem do Record, página 47 - rubrica "Off Record"?

- o "seu maior defeito" foi "já ter ido à cidade do Porto"
- o "lema da sua vida" é "Um bom portista é um portista morto"
- a sua "cidade inesquecível" é o "Porto se estiver a arder"

Depois de todos os desportistas, na verdadeira acção da palavra, se terem indignado com as diatribes de Pinto da Costa com expressões tipo "mouros", "Lisboa a arder" e outros mimos, que pensar deste senhor, que foi escorraçado da política e tem agora um tacho no Benfica e outro no painel do programa "Dia Seguinte" a emitir estas "pérolas"?

Com o clima como está entre adeptos do FCP e do SLB, frases deste teor não poderão ajudar a incendiar ainda mais as coisas. Se houver confrontos físicos entre adeptos, com consequências sérias, poderá este senhor ser considerado "moralmente responsável", por incitar as pessoas ao ódio?

Rui Gomes da Silva é dirigente do Benfica, não pode falar como mero adepto. Isto não é uma "brincadeira" como mover influências, durante a sua passagem pelo governo do seu amigo Santana Lopes, para afastar o professor Marcelo da TVI.
Estas frases são incendiárias.

Suponho que o LF conheça o senhor em causa. Como o tenho por sensato, acho que não seria má ideia fazer-lhe sentir que, como dirigente do SLB, não é correcto emitir frases deste teor.

Um Estranho disse...

Caro LF,

Não estou muito de acordo com o seu ponto de vista. Concordo com o alargamento embora não esta época, por razões óbvias e muito menos sem haver descidas.
Mas sou a favor de uma liga com 18 clubes, em que descem 3.
Na Liga de Honra e agora com as equipas B, pensaria em 20 clubes.
Não sou, nunca fui, nem nunca serei adepto de uma Liga com 10 clubes a 4 voltas porque, sinceramente, não vejo vantagens nisso. Basta aliás ver o exemplo da Liga Escocesa onde só há duas equipas que lutam pelo título e agora praticamente só já há o Celtic.
Onde é que está a competitividade desse campeonato?
Ter 4 Benfica-Sporting, Benfica-Porto ou Sporting-Porto por época(e se o sorteio ditasse alguns desses jogos na Taça de Portugal ou Taça da Liga seriam ainda mais)tornaria quase esses jogos uma rotina e tudo o que é demais enjoa.
Ao contrário do LF, eu acho que os Feirenses, os Rio Aves e por aí fora, podem e devem participar na Liga(desde que tenham tudo em dia) porque só assim as equipas pequenas poderão evoluir. Não acha, por exemplo, que o Apoel só evoluiu porque joga com e contra os melhores. Essas equipas fazem falta.
O que se deveria fazer era controlar financeiramente todos os clubes antes das épocas(mas controlar mesmo a sério) e quem não estivesse em ordem, nem sequer começaria ou começaria com pontos negativos.
Porque quando se defende que, por exemplo, o Rio Ave não deveria participar na Liga por não levar muita gente ao estádio, mas ao que consta tem tudo em dia, para dar preferência a um V.Guimarães que apesar de levar 10 ou 15.000 pessoas por jogo, mas que tem 3 mêses de salários em atraso está-se a defender o quê?

Saudações gloriosas e juventudistas,

Rui Serra

Um Estranho disse...

Caro LF,

Não estou muito de acordo com o seu ponto de vista. Concordo com o alargamento embora não esta época, por razões óbvias e muito menos sem haver descidas.
Mas sou a favor de uma liga com 18 clubes, em que descem 3.
Na Liga de Honra e agora com as equipas B, pensaria em 20 clubes.
Não sou, nunca fui, nem nunca serei adepto de uma Liga com 10 clubes a 4 voltas porque, sinceramente, não vejo vantagens nisso. Basta aliás ver o exemplo da Liga Escocesa onde só há duas equipas que lutam pelo título e agora praticamente só já há o Celtic.
Onde é que está a competitividade desse campeonato?
Ter 4 Benfica-Sporting, Benfica-Porto ou Sporting-Porto por época(e se o sorteio ditasse alguns desses jogos na Taça de Portugal ou Taça da Liga seriam ainda mais)tornaria quase esses jogos uma rotina e tudo o que é demais enjoa.
Ao contrário do LF, eu acho que os Feirenses, os Rio Aves e por aí fora, podem e devem participar na Liga(desde que tenham tudo em dia) porque só assim as equipas pequenas poderão evoluir. Não acha, por exemplo, que o Apoel só evoluiu porque joga com e contra os melhores. Essas equipas fazem falta.
O que se deveria fazer era controlar financeiramente todos os clubes antes das épocas(mas controlar mesmo a sério) e quem não estivesse em ordem, nem sequer começaria ou começaria com pontos negativos.
Porque quando se defende que, por exemplo, o Rio Ave não deveria participar na Liga por não levar muita gente ao estádio, mas ao que consta tem tudo em dia, para dar preferência a um V.Guimarães que apesar de levar 10 ou 15.000 pessoas por jogo, mas que tem 3 mêses de salários em atraso está-se a defender o quê?

Saudações gloriosas e juventudistas,

Rui Serra

LF disse...

Essa rubrica "off Record" não é humorística?

Eu não leio habitualmente o Record, mas parece-me bem que sim.
Se não é, certamente que essas declarações o foram.

Embora cumprimente o Dr Rui Gomes da Silva quando me cruzo com ele, não está nos meus planos dizer aos dirigentes do Benfica o que devem ou não devem dizer em público.

E até me parece que ele nasceu no Porto, pelo que nada disso faz sentido.

LF disse...

Um Estranho,

O que está em causa não é as equipas poderem ou não evoluir, jogarem mal ou bem.
O que está em causa é que têm uma existência artificial, enquanto clubes de I divisão. Não têm meios, não têm adeptos, não geram receitas.
Eu não quero que o Benfica tenha a obrigação de financiar o Feirense, pois se assim for, também exigirei que o Feirense financie o Juventude de Évora.

O caso da Escócia, e da sua falta de competitividade, não tem a ver com os 10 clubes. Se houvesse 20 passava-se a mesma coisa lá.

Uma liga portuguesa apenas com Benfica, Porto, Sporting, Braga, Guimarães, Marítimo, Académica, Nacional, V.Setúbal e P.Ferreira, por exemplo, iria gerar muito mais espectáculo.
E quanto mais clássicos houvesse, mais entusiasmo havia, mais receitas eram geradas, melhores condições os clubes criavam.
OS bolos da publicidade e das receitas televisivas eram divididos por menos bocas. O impacto mediático de cada jogo (5 por jornada) era muito maior. Etc etc

O caso do V.Guimarães tem a ver com a gestão, e com factores específicos. Mas é um clube com massa adepta, com um excelente estádio, e com história. É um dos poucos com perfil de I divisão.

Anónimo disse...

mandrake

Mas voce é burro ou quê???

Esse off record é uma rubrica humoristica. Veja lá se acorda para a vida.

Mandrake disse...

Primeiro que tudo, não sou leitor habitual do Record. Mas não é preciso ser licenciado em Jornalismo - e até sou - para saber que, sendo uma rubrica humorista deve ser assinalada como tal.

Às sextas-feiras, o jornal Público tem um suplemento intitulado "Inimigo Público", de carácter humorístico, que faz essa menção. Até mesmo o "Correio da Manhã", que não tem livro de estilo como o Público, tem, nos fins de semana, "entrevistas imaginárias", também devidamente assinalados como tal.

Seja como for, as "eventuais" declarações do Sr. Rui Gomes da Silva nessa dita rubrica estão ao nível do que lhe conhecemos da vida política e das intervenções que faz no programa "O Dia Seguinte" na SIC Notícias.

Já agora, as decarações de Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira, em directo, após o último Benfica - Porto também foram "humorísticas", não?

Como diria o Scolari, para responder ao senhor que se esconde sob o manto do anonimato, "ai o burro sou eu"?

Não venho para aqui ofender ninguém, apenas referi as "alegadas" frases atribuídas ao Sr. Rui Gomes da Silva que, basta ouvi-lo na televisão, consegue ser ainda mais faccioso e mal educado do que o falecido Pôncio Monteiro.

Só que não é lícito criticar - e bem! - certas posturas e declarações de Pinto da Costa e sua entourage - lamentáveis, como qualquer pessoa de bom senso tem de admitir - e depois pretender copiar-lhe essa metodologia.

Mo hard feeelings, mas - repito, e sei do que falo - se a rubrica é humorística deveria vir indicada como tal. Aliás, para ser sincero, se aquilo é fazer humor... enfim. mas cada um ri-se do que quer e entende, "burro" ou não.

Caro LF, sempre a estimá-lo, e queira desculpar se estes meus desabafos lhe ocupam demasiado espaço no seu blogue ou causa urticária a leitores com alguma aversão a opiniões diferentes das que partilham.

Sem mais, vou dormir, para amanhã "acordar para a vida", se calhar com uma sociedade mais livre e tolerante às opiniões de cada um.

Utópico? Parece-me que sim, mas como diria o saudoso Torres, "deixem-me sonhar", embora seja, quiçá, mais lógico estar de acordo com o poema do José Gomes Ferreira, "Cala os Olhos, Vagabundo", onde, a dado passo, escreve desalentado com a realidade da vida: "... não quero ver o mundo, prefiro imaginá-lo!"

Mas não, pois lá diz o povo na sua infinita sabedoria, "Quem muito dorme, pouco aprende"!

Cordiais saudações desportivas,

JM

Brytto disse...

Nem um pouquinho de acordo!!!!!!!!!!!
Se os outros só atrapalham, os grandes que joguem sozinhos!!!!!
Que visão economicista, elitista e nada solidária do futebol!!!!!! É evidente que os grandes têm que ceder qualquer coisa para o campeonato se tornar mais competetivo, aliás, esse assunto é tema central na vizinha Espanha, que como se sabe perdeu imensa competetividade...

LF disse...

Não jogam sozinhos.
Defendo uma 1ª divisão com 10 equipas. É mais do que suficiente, e adequado à dimensão, económica e geográfica, do nosso país.

Isto é futebol. Defendo mecanismos de solidariedade a outros níveis. Numa questão lúdica não faz sentido falarmos em solidariedade.

Neste caso, a competitividade reforça-se concentrando os recursos naqueles que melhores condições têm de os utilizar.
E a competitividade que mais me interessa, é ver os principais clubes (naturalmente, no meu caso, o Benfica) a integrar a elite europeia.

Anónimo disse...

Ui! N disse q o Pinto da Costa é q estava por trás disto tudo e q isto só serve para favorecer o FCP??? Estou admirado!