UM POR TODOS

Seria fácil dizer agora que sempre acreditei. Que, também eu, era um entusiasta da aposta na formação. Que vira com bons olhos a substituição de um treinador campeão. Que olhara sem desconfianças para uma alteração de paradigma, justamente quando começávamos a vencer com regularidade.
Estaria a mentir.
Na verdade, foi com bastante cepticismo que encarei as mudanças do Verão passado. E quando, a poucos dias do Natal, estávamos a 7 pontos do Sporting, e a 5 do FC Porto, não apostaria um fósforo na possibilidade do Tri. Não fosse uma carreira europeia prometedora, e dava, nessa altura, a época como morta.
Nada melhor do que ser desmentido pelos factos quando estes superam as nossas melhores expectativas. E este Benfica superou tudo aquilo que eu perspectivara.
Na altura, muitos pensavam como eu. Mas houve um (aquele que interessava, aquele que decidia) que se manteve absolutamente fiel às suas convicções. Que, com grande coragem, insistiu no caminho que sabia ser o melhor para o Clube.
Este título é de muita gente. É de um técnico que, para além de enorme competência, soube manter uma atitude que nos orgulha. É de todos os benfiquistas, mesmo daqueles que, como eu, tinham poucas certezas quanto à forma de lá chegar. Mas este título é, sobretudo, de Luís Filipe Vieira.
O nosso presidente apostou forte. Arriscou muito. E, seguindo a sua convicção, venceu em toda a linha.

A obra feita no Benfica já falava por si. Este campeonato, a forma como foi ganho, e tudo aquilo que nos mostrou, tornou óbvia uma certeza: Vieira é o presidente mais marcante dos 112 anos de história do nosso Clube.

10 comentários:

Manuel disse...

Assino por baixo tudo o que foi escrito. Com uma diferença, nunca duvidei da intuição de Vieira assim como nunca duvidei, e apoiei, quando ele continuou a apostar em JJ depois de perdermos tudo.
A intuição tem muita força e, quem a possui, tem mesmo muita força.
Como dizia Ingemar Bergman, "Eu nunca discuto com a minha intuição". Com os resultados que conhecemos.

RN disse...

Com o devido respeito, acho que esse último comentário não pode de todo ser levado a sério. Quando LFV fizer algo de verdadeiramente inédito (um tetra ou um penta), quando realmente devolver o Benfica às vitórias internacionais (bem sei que os tempos são outros...) e quando deixar de ter no seu curriculum (sim, porque ele vai ter tempo para isso...) 2 anos de derrotas por cada um de vitórias, então, mas só mesmo então, se poderá considerar tal ideia.

Cumprimentos,
Rogério Nunes

Manuel disse...

Para o Rogério Nunes.
Mas quem é o meu amigo pensa que é para afirmar que o meu comentário não pode ser levado a sério? Fale por si porque o que diz são apenas disparates. A sua pretensa "exigência" é bem reconhecida, típica de mediocridades que não possuem essa exigência na vida profissional.

Isto escrevi eu em 27/8/2015, quando a depressão entre os benfiquistas estava no auge e o meu amigo provavelmente andava com as calças nas mãos a correr para o WC à espera da oportunidade para sair de debaixo das pedras onde se escondia.


"Por isso, o que estamos a observar no Benfica é uma forma de "Destruição Criativa" adaptado a clubes de futebol, a substituição gradual do velho pelo novo. Isso irá permitir elevar o Benfica para níveis superiores de competência e de desempenho. Este é o desejo de todos os benfiquistas embora hajam muitos que não percebem o que se passa e estão confundidos.
Eu estou muito confiante já que o que se passa mais não é do que o prolongar do que tem sido feito até aqui, o elevar da organização através de um crescimento orgânico e endógeno para patamares superiores.
O mais singular é que isso está a ser liderado por alguém que tem apenas a 4ª classe!!!!
Já disse e volto a dizer, o Benfica devia ser um "Case Study" para os cursos de MBA das universidades mundiais!"

A 1/9/2015 escrevi isto:

"Já o disse em Julho e continuo a dizer, o Benfica vai ser campeão, o Sporting vai ficar em 2º e o Porto vai lutar com o Braga pelo 3/4º lugar. E não vão à Europa!"

Teria acertado em tudo se o Braga não se tem dispersado tanto por todas as competições. Mas ganharam-lhes a Taça de Portugal!

O que LFV já fez é totalmente inédito na historia do Benfica e na história de qualquer clube em Portugal. O que as modalidades estão a ganhar nunca aconteceu em 100 anos de história de desporto em Portuga! E ainda só estamos no começo. Esta fase irá durar pelo menos mais 10 anos.
E não precisamos de casas de alterne, de prostitutas, de doping nem de pagar a árbitros nem a dirigentes da arbitragem para ganhar. O que faz toda a diferença!




dezazucr disse...

Elá, olha lá os direitos de autor :)
Mais a sério, costumo dizer isso "o Benfica devia ser um "Case Study" " nas discussões que tenho com amigos benfiquistas. O crescimento do Benfica e a mudança que o Benfica sofreu desde há 10 anos para cá é impressionante. Roma e pavia não se fizeram num dia e o Benfica foi crescendo devagarinho. Devagarinho porque entre Trappatoni e Jesus houve um hiato em que os critérios para a escolha do treinador não nos levaram a escolher bem. Já havia mudado (para melhor) muita coisa, mas o pináculo veio com a chagada de Jesus que veio elevar as nossas equipas a patamares que não se viam há muito. Serviu para isso, mas tinhamos que mudar. Havia outras coisas a melhorar. O curioso é que um dos factores que impulsionou esse crescimento até já foi "Case Study", aliás Tese (mestrado?doutoramento?): "As casas do Benfica: o nosso braço armado". Por vezes as revoluções começam de ocorrências e estratégias (intencionais ou não) que passam despercebidas.

Anónimo disse...

Ainda me lembro de o LF ter feito um post (que entretanto retirou) intitulado "crónica de um fracasso anunciado". Já sigo o blog há bastante tempo e acho que foi das poucas vezes em que vi o LF perder o discernimento e tirar conclusões precipitadas. Lembro-me que na altura comentei a dizer que ainda era cedo para tirar conclusões e que era preciso dar tempo para se perceber certas coisas. O Sporting não convencia, o JJ não teve o impacto que teve no 1º ano no Benfica e nós tínhamos perdido jogos com os rivais directos e com o Arouca, mas de resto até estávamos a dar boas indicações. O tempo acabou por mostrar muitas coisas e desmistificar outras tantas.

Eu defendi o trabalho do JJ no Benfica e de todos os Benfiquistas que conheço, eu era dos poucos que o fazia. Sempre disse que não tinha a certeza se os resultados se deviam a ele ou à estrutura e se nessa perspectiva os resultados eram bons ou eram curtos. A minha lógica era mantê-lo, porque o passado recente mostrava que não era qualquer um que chegava aqui e lutava pelo título até ao fim (mesmo perdendo) e fazia campanhas interessantes noutras provas. Também disse que isso só se provaria quando ele saísse e viesse outro treinador. Se o outro treinador continuasse ou melhorasse o trabalho do JJ e o JJ no outro clube para onde fosse já não fizesse a mesma coisa que aqui, eu seria o primeiro a admitir que o JJ era uma fraude. Já o fiz e volto a reafirma-lo: o JJ foi uma fraude e se tivesse sido demitido logo após a época do Villas-Boas, hoje se calhar estaríamos a celebrar o penta, provavelmente com equipas onde além dos craques internacionais, teríamos visto outro aproveitamento de diamantes como o André Gomes, Bernardo Silva, João Cancelo, Ivan Cavaleiro ou Nélson Oliveira.

O JJ no Benfica conseguiu criar impacto logo no 1º ano e potenciou uma série de jogadores. Quando vi o rendimento do Coentrão, achei que era mérito do treinador. Quando vi o Gaitán, Matic, Enzo, Rodrigo, Lima, também achei que era mérito dele. Por isso, quando chegou ao Sporting, achei que fosse fazer o mesmo e que jogadores como o William Carvalho finalmente iam acordar e revelar-se estrelas e o Sporting ia dar goleadas. Enganei-me. Nenhum jogador foi potenciado, os que já estavam bem, continuaram, os que estavam mal, mal ficaram. As goleadas também não apareceram e o Sporting ganhou uma série de jogos à tangente e com erros de arbitragem. Por outro lado, no Benfica o Luisão lesionou-se, entrou o Lindelof, que se revelou excepcional e o Júlio César também se lesionou, entrou o Ederson que foi o monstro que vimos. Afinal o JJ não é nenhum potenciador nato. O Benfica é que tem uma boa estrutura, com bons jogadores e um treinador que saiba geri-los minimamente, consegue tirar partido deles.

Continua...

Anónimo disse...

Continuação

O que já não é para todos é fazer aquilo que toda a gente pediu no final do ano passado: apostar na formação e passar a fase de grupos da Liga dos Campeões. O JJ simplesmente não era capaz de fazer isso. No Sporting fez a sua pior época dos últimos 7 anos, em que chegou ao último terço do campeonato arredado de todas as competições... e perdeu-o também. O Benfica por sua vez chegou a essa mesma fase ainda com a Liga dos Campeões e a Taça da Liga. Chegámos aos 1/4 da Liga dos Campeões, batemo-nos de igual para igual com o Bayern e houve uma aposta na formação. Desde que as academias foram criadas, nunca um clube teve tantos jogadores da formação campeões nacionais (tivemos 9). O Rui Vitória mostrou que afinal tínhamos a visão curta e estávamos satisfeitos com um treinador que ganhava 4M/época e não conseguia tirar todo o potencial da equipa.

Desde que acompanho futebol, nunca me lembro de um treinador marcar uma era, sair e o que vem a seguir fazer ainda melhor na estreia... a menos que o mérito do outro treinador assentasse na estrutura. Foi o que aconteceu no Benfica. Mérito do treinador foi o campeonato de 2005, pelo melhor treinador que tivemos no século XXI, o Trapattoni. Lembro-me que mais tarde, quando havia contestação, o LFV disse que talvez tivéssemos sido campeões demasiado cedo. Se calhar tinha razão. Ainda não tínhamos nem de perto nem de longe a estrutura que temos hoje e os anos que se seguiram não foram fáceis. O JJ apareceu na fase da bonança, ajudou a consolidar a estrutura, mas nem de perto nem de longe merecia 4M/época, nem é um treinador de topo.

Também concordo que LFV tem muito mérito e será dos melhores presidentes da história do Benfica. Tudo aquilo que se alcançou é extremamente difícil. Temos um clube dominador não só no futebol, como nas modalidades, temos um canal de tv, temos uma academia que já ganhou o prémio de melhor do mundo, temos um patrocinador nas camisolas da equipa de futebol que só está ao alcance dos melhores e imensas outras coisas positivas. Mas é preciso recordarmos que este trabalho foi começado do zero. O Benfica estava de rastos a todos os níveis quando esta direcção (primeiro com o Vilarinho) pegou no clube. Para mim, que cresci nos anos 90 e me habituei a ver um Benfica que vivia do passado, porque não tinha presente e provavelmente não ia ter futuro, ver hoje tudo aquilo que foi conseguido, é motivo de orgulho e de profunda admiração por esta direcção.

RN disse...

Caro Manuel,
Deixe lá de ser como o JJ e olhe um pouco para lá do seu próprio umbigo. O meu comentário referia-se ao que o LF escreveu quando referiu que o LFV deveria ser o melhor presidente da história do Benfica.
O que você escreveu é consigo e até pelo nível entretanto demonstrado, não me desperta qualquer interesse.

LF disse...

Caro anónimo,

Aproveito para esclarecer que o motivo pelo qual retirei o post que refere foi por, a dada altura, entender que não deveria contribuir (mesmo que modestamente) para qualquer tipo de derrotismo. E depois, com a equipa de regresso à luta pelo título,o mesmo deixou de ter pertinência.
Esse post reflectia o que na altura pensava. Tal como este artigo, de certa forma, confessa.
Felizmente, fui surpreendido.

LF disse...

Pato Afonso,

A afirmação baseia-se no número de títulos e de obra infraestrutural.
Se formos ver um por um, nenhum presidente do Benfica terá tido tantos créditos a seu favor.
Quando eu digo isto, muita gente não concorda. Mas na hora de perguntar: então qual? as respostas também não são muitas.
Borges Coutinho ganhou muitos campeonatos, mas nem sequer foi a qualquer final europeia, e em termos de obra não é comparável.
Fernando Martins fez obra, mas não ganhou tantos títulos.
Vieira de Brito? Ferreira Bogalho?
É difícil de facto comparar, e só o futuro poderá responder com rigor. Mas a sensação que tenho é esta: Vieira, em termos de obra, e de títulos, já está no top.

LF disse...

...esqueci-me ainda de referir algo fundamental: o ponto de partida.
Não podemos ignorar como Vieira encontrou o Benfica.
Duvido que algum presidente, no passado, tenha encontrado situação idêntica.

Porém, não sou historiador, tenho "apenas" 47 anos, e não conheço em pormenor muito do que se passou nos anos 30, 40, ou 50, por exemplo.
Fica já a ressalva, não vá o Alberto Miguéns aparecer por aí :)