SALTO PARA O ESQUECIMENTO

Num fim-de-semana de tantas vitórias, de grandes exibições, de supertaça aqui e supertaça ali, confesso que a transferência de Nélson Évora não me abalou minimamente. Se o objectivo era darem-nos uma alfinetada, pela minha parte não senti a mais leve picadela.
Estamos a falar de um atleta com passado, mas sem futuro. Os seus anos de glória foram…2007 e 2008. Desde então, esteve quase tanto tempo lesionado como a competir, deixando repetidas evidências de que não voltará a ganhar nada de relevo, a não ser, ao que parece, bastante dinheiro.


A crua verdade é que não faz falta nenhuma ao Benfica. Ao invés, talvez o carinho e o afecto que os benfiquistas lhe devotaram ao longo destes anos, e que ele acaba de deitar para o lixo - ou vender, para ser mais exacto -, lhe pudessem um dia vir a dar jeito. Então, será tarde. Problema dele.
O que me intriga neste tipo de transferências é justamente a falta de visão dos protagonistas acerca da dimensão histórica e simbólica que detêm junto de milhões de pessoas, e a facilidade com que dela prescindem a troco de mais uns patacos. De como se auto-excluem de museus, de livros, da eternidade, mas, sobretudo, do coração dos adeptos, por causa de desentendimentos circunstanciais. Mas a minha incompreensão é igual à minha indiferença. 
António Leitão continuará a ser um símbolo do atletismo encarnado, como Carlos Lopes sempre será um símbolo do Sporting. Quanto a Nélson Évora, mais medalha menos medalha, talvez fique na história também como um símbolo da miséria mercenária em que o desporto de alta competição se transformou nas últimas décadas.

1 comentário:

Nau disse...

A lealdade e o reconhecimento já não são o que eram!
A ida de Évora e Fortes para o arqui-inimigo prova, uma vez mais, que os atletas querem é saber deles. Hoje batem no peito e fazem juras de amor a quem lhes paga, amanhã piram-se por mais umas notas. Ainda há pouco tempo o senhor Évora enaltecia as condições que tinha no Benfica e sublinhava que o clube lhe deu todo o apoio aquando da lesão. Quando abandonou o treinador que foi para ele como um pai e fez dele o que ele é, desconfiei, porque já se falava do assédio aos nossos atletas, por parte daqueles que, desde a fundação, nos têm como inimigo a abater por todos os meios. E pensar que o dito clube foi campeão europeu de atletismo com o concurso de um atleta do Benfica (emprestado pelo nosso clube, a pedido de Moniz Pereira ao seu amigo José Manuel Antunes, então vice-presidente do Glorioso)!
Que ganhem muito dinheiro e sejam muito felizes na vida pessoal, os garganeiros, mas que desportivamente lhes corra mal a deslealdade (o Fortes é outro que se dizia benfiquista desde o berço e que tecia loas às condições que tinha no Benfica, mas parece que não gostou que o Arnaldov lhe passasse a perna) e que vejam o Glorioso voltar a ser repetidamente campeão.
Os benfiquistas que defendem alianças com o sporting (assim, com minúscula, porque quem é pequenino e filho da mãe o merece), aqui têm o resultado de mais uma filha-da-putice do «potencial aliado».
Vamos apostar na nossa formação, que tem dado cartas cá e no estrangeiro.
Se estiver em causa a vitória nos campeonatos nacionais, além da contratação de atletas nacionais de valor, podemos contratar, exclusivamente para essas provas, atletas estrangeiros de reconhecido valor - os nossos rivais tiveram muitas vitórias recorrendo a esse artifício.